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Josmar Jozino

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Ameaçado e pivô de guerra no PCC: Quem era o empresário morto em aeroporto?

Assassinado em um ataque a tiros nesta sexta-feira (8) no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, Antônio Vinícius Lopes Gritzbach era ameaçado de morte pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) e foi pivô de uma guerra interna na facção criminosa. Ele foi alvo de um atentado no Natal do ano passado, mas não se feriu.

Gritzbach, pai de dois filhos, era réu pelos assassinatos de Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, e Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. O agente penitenciário David Moreira da Silva também responde pelo crime. O MPSP (Ministério Público do Estado de São Paulo) acusou o empresário de ser mandante dos crimes. Em julho, a Justiça de São Paulo decidiu levar o empresário e o agente a júri popular pelos assassinatos.

O empresário respondia ao processo em liberdade, dizia ser inocente das acusações e prometeu contar tudo o que sabe sobre a célula do PCC no Tatuapé, na zona leste paulista.

Cara Preta e Sem Sangue foram mortos a tiros às 12h10 de 27 de dezembro de 2021 em frente ao número 110 da rua Armindo Guaraná, no Tatuapé. Noé Alves Schaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em 16 de janeiro de 2022, no mesmo bairro.

Segundo o MPSP, Cara Preta era um integrante influente do PCC e envolvido com o tráfico internacional de drogas e outros delitos. Já Sem Sangue era o motorista e braço direito dele.

O empresário e o agente penitenciário chegaram a ficar presos e foram denunciados à Justiça pelo crime, mas respondiam o processo em liberdade.

Vinícius deixou a Penitenciária 1 de Presidente Venceslau (SP) pela porta da frente, em 7 de junho de 2023, usando tornozeleira eletrônica. A defesa dele temia pela vida do cliente e dizia que se ele ficasse segregado poderia morrer na prisão por integrantes do PCC.

Os advogados de Vinícius disseram anteriormente à coluna que os verdadeiros culpados pelas mortes de Anselmo e Antônio Corona foram arrolados como testemunhas de acusação do empresário.

MPSP dizia que Vinícius trabalhava com imóveis e operação com bitcoins

Na denúncia oferecida contra os dois acusados, o MPSP dizia que Vinícius trabalhava com imóveis e operações com bitcoins e, após conhecer Cara Preta, passou a realizar negócios com ele e fazer investimentos para a vítima.

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Conforme o órgão, Cara Preta suspeitou que o empresário estava subtraindo parte dos valores investidos por ele e começou a cobrá-lo e a exigir a prestação de contas das operações realizadas e também a devolução do dinheiro.

Sequestro

Em 21 de junho de 2023, o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), unidade de elite da Polícia Civil de São Paulo, recebeu uma denúncia de sequestro no Tatuapé, zona leste paulistana, e mobilizou várias equipes para investigar o caso.

A informação era de que Vinícius teria sido colocado em um Fiat Pálio vermelho, ocupado por dois policiais civis, e levado para cativeiro no Jardim Brasília, zona leste, por volta de 15h.

O empresário havia sido levado para a rua Manoel Pinheiro de Albuquerque, 157, e só retornou para seu apartamento às 16h30. Ele foi conduzido ao DHPP para prestar depoimento no mesmo dia. Porém, negou ter sido sequestrado e contou uma versão inverossímil à polícia.

No dia 26 de junho, o empresário prestou um segundo depoimento e mudou a versão. Dessa vez alegou que foi levado ao Jardim Brasília no Palio vermelho ocupado por Valdenir, por um segundo policial e também por um terceiro homem, integrante do crime organizado.

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Segundo o empresário, o desconhecido queria uma lista dos imóveis de Cara Preta. No novo depoimento, o empresário revelou que enquanto esteve na casa de Valdenir, um advogado ligou para o policial, a quem ofereceu R$ 3 milhões para que o entregasse aos comparsas de Cara Preta. Depois disso ele acabou liberado e foi embora.

A Corregedoria da Polícia Civil abriu inquérito para apurar se Vinícius havia sido sequestrado por homens da corporação. Atendendo a pedido do MPSP, a juíza Helena Furtado de Albuquerque Cavalcanti do Foro Central Criminal da Barra Funda decidiu arquivar o inquérito que apurava o suposto sequestro de Vinícius.

Empresário entregou ao MPSP lista de imóveis

O empresário entregou ao MPSP uma lista de dezenas de imóveis de luxo comprados a preços milionários por narcotraficantes do PCC na zona leste paulistana e em Bertioga (SP).

Vinícius já havia detalhado aos promotores de Justiça, em delação premiada, o esquema de agenciamento de jogadores do Corinthians e de outros times do futebol paulista, realizado pela mesma quadrilha da facção criminosa, como informou esta coluna em primeira mão.

O delator afirmou ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao MPSP, que o Cara Preta adquiriu uma cobertura no valor de R$ 15 milhões no bairro onde foi morto.

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Segundo o empresário, os R$ 15 milhões pagos pela cobertura foram entregues em espécie na sede da construtora responsável pelo empreendimento, em um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas do PCC. Ele acrescentou que o imóvel foi colocado em nome de Ademir Pereira de Andrade.

Vinícius admitiu ainda ter intermediado a compra de dois imóveis em Riviera de São Lourenço, em Bertioga, para Cláudio Marcos de Almeida, o Django, sócio de Cara Preta. Ele também foi assassinado em uma guerra interna do PCC, em janeiro de 2022.

Um imóvel custou R$ 5,1 milhões e o outro R$ 2,2 milhões. O delator afirmou ao Gaeco que as propriedades foram colocadas em nome do tio dele, Douglas Silva Relva, e do primo Douglas Lopes Relva. O empresário confirmou que os valores eram de origem ilícita.

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