PF investiga explosões na praça dos Três Poderes como ato terrorista

A Polícia Federal investiga as explosões na praça dos Três Poderes na noite desta quarta-feira (13) como um ato terrorista e ataque ao Estado Democrático de Direito.

O que aconteceu

Inquérito foi instaurando pela PF ainda na noite de ontem. Hoje pela manhã, fontes da organização informaram ao UOL que o caso será tratado como ato terrorista.

Alvo era Alexandre de Moraes, diz ex-mulher. À PF, ela disse que o chaveiro Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado, afirmou que o plano dele era matar o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Artefatos artesanais. Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, o homem portava artefatos feitos de forma artesanal, mas com alto "poder de lesibilidade", e um extintor de incêndio que simulava um lança-chamas. As investigações vão apontar de que materiais foram feitas as bombas.

PF também vai analisar caixa. Ela encontrada próximo a local de explosões em Brasília, num estacionamento onde ficava o trailer do autor do crime.

Celular apreendido. A PF localizou um celular dentro do trailer que também vai ajudar a aprofundar as investigações após a perícia.

O inquérito está sob sigilo. Segundo ele, "é cedo para apontar participação no 8 de Janeiro", mas isso também vai ser apurado. Ele afirmou que não se trata de um "fato isolado, mas conectado com diversas ações que a Polícia Federal tem investigado".

Grupos extremistas estão ativos e é preciso que atuemos de maneira enérgica, não só a PF, mas todo o sistema de justiça criminal. O episódio de ontem não é fato isolado, mas conectado com diversas ações que a PF tem investigado.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, em entrevista no dia seguinte às explosões

Ministro da Justiça, Ricardo Lewandovski afirmou que a PF trabalharia para assegurar o funcionamento dos Poderes. "A Polícia Federal está trabalhando com rigor para elucidar, com celeridade, a motivação das explosões na praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal e nos arredores do Congresso Nacional", disse o ministro.

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Moraes conduzirá investigação. O caso foi parar com o ministro do STF por conexão com outras investigações que ele já conduz, como o inquérito sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro e o que apura ataques a ministros do tribunal. As conclusões da PF serão encaminhadas para Moraes.

Segundo o chefe da PF, a investigação "dirá se a pessoa agiu isoladamente ou em conjunto, com apoio financeiro". Ele criticou o uso da expressão "lobo solitário", usada desde ontem sobre o autor das explosões. "Tenho ressalvas quanto à expressão 'lobo solitário', por trás de uma ação nunca há só uma pessoa. A ação foi individual, mas a investigação dirá o que impulsionou essa ação."

Gaveta explodiu e dano foi evitado por ação de robô

Diretor da PF contou que, ao ser aberta uma gaveta na casa de Francisco Wanderley, houve uma "explosão gravíssima". Não houve feridos, já que a ação foi efetuado por um robô antibombas.

A polícia diz que o local onde morava Francisco Wanderley Luiz era "ambiente confinado". Segundo o major Raphael Broocke, da PM do DF, policiais entraram no local e fazem uma varredura mais cuidadosa do que os trabalhos na praça dos Três Poderes. "Ali o cuidado é muito maior porque envolve outras residências. É um ambiente confinado. Então os policiais estão tendo um cuidado redobrado, muito maior do que o cuidado que se teve aqui", afirmou Broocke.

Casa onde foi realizada busca faz parte de conjunto de quatro quitinetes. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o imóvel era alugado pelo homem que detonou as bombas e essas buscas na residência foram feitas por volta das 22h desta quarta-feira (13) pela polícia. Os relatos de policiais dão conta de que o local tinha muita bagunça e vários objetos espalhados.

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Cinto com explosivos no autor foi identificado por robô e removido por policial com traje antibomba. O major Broocke disse que as bombas não foram retiradas pelo robô em razão de uma "limitação operacional" do equipamento da PM. Por isso, um policial precisou se aproximar para fazer o corte dos fios que conectavam o cinto aos explosivos. "Foi uma operação muito delicada justamente para evitar que ocorressem novas explosões", afirmou o porta-voz da PM.

PM também monitora locais onde autor das bombas passou para verificar se há mais explosivos. "Está sendo feito monitoramento dos locais que ele passou para as equipes conseguirem se aproximar ao máximo das possibilidades de ele ter colocado bomba em outras regiões, mas tudo em investigação ainda", acrescentou Broocke.

Corpo em frente ao STF foi recolhido às 9h05, quase 14 horas depois da explosão, e liberado para o IML. A perícia no local terminou na manhã desta quinta-feira (14). Francisco Wanderley Luiz se aproximou da entrada do STF por volta das 19h30 de ontem e ativou os explosivos que tinha no corpo. Segundo o relato de um segurança da Suprema Corte, o homem circulou pelo local com "atitude suspeita" e deitou no chão para esperar as bombas explodirem. Um carro também explodiu no estacionamento da Câmara.

Praça dos Três Poderes está com segurança reforçada na manhã desta quinta-feira (14). Na Esplanada dos Ministérios, policiais instalaram grades para proteger os prédios e viaturas estão estacionadas nas ruas com agentes fazendo a vigia dos arredores. No Palácio do Planalto, o Exército está de plantão na entrada para fazer a proteção do local. As Forças Armadas foram acionadas pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

Entenda o caso

As explosões ocorreram por volta das 19h30 de quarta-feira (13). Uma varredura será feita nos prédios da Câmara e do STF nesta quinta-feira — as atividades devem ser retomadas a partir das 12h. O Senado Federal suspendeu os trabalhos.

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Imagem: Arte/UOL

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