Homem é condenado a 30 anos de prisão por matar esposa com açaí envenenado
O Tribunal de Justiça do Maranhão condenou o homem acusado de matar a própria companheira envenenada com açaí.
O que aconteceu
Moisés Pereira da Cruz foi condenado a 30 anos de prisão pela morte de Valquires Silva da Conceição. A sentença foi proferida na segunda-feira (18) pela juíza Edilza Barros Lopes, da 1º Vara Criminal de Imperatriz.
Valquires foi morta ao tomar um açaí envenenado dado por Moisés, segundo a denúncia do Ministério Público do Maranhão. Conforme o órgão, o crime, ocorrido em 28 de outubro de 2022, foi praticado para encobrir casos de abuso sexual cometidos pelo réu contra as filhas menores de idade da vítima.
No dia em que foi morta, Valquires foi à igreja com as filhas e, ao retornar, tomou o açaí dado pelo companheiro. De acordo com o MPMA, Moisés havia colocado um veneno conhecido como chumbinho dentro do açaí. Após consumir o produto, a vítima passou mal, chegou a socorrida, mas já chegou ao hospital sem vida.
Moisés e Valquires estavam juntos há oito anos. A relação, entretanto, era marcada por violência doméstica, embora a mulher nunca tenha registrado boletim de ocorrência contra o companheiro.
Ministério Público argumentou que o réu premeditou o crime e agiu de forma dissimulada. "A ação ocorreu mediante dissimulação, pois o denunciado, em situação aparente de normalidade, ofereceu açaí envenenado à sua companheira. O denunciado também agiu com o intuito de assegurar a ocultação e a impunidade do crime de estupro de vulnerável contra suas enteadas, filhas da vítima. Ademais, o crime se deu em contexto de violência doméstica, haja vista que, por razões da condição do sexo feminino, o inculpado assumiu o intento homicida contra sua companheira", afirmou o órgão.
Justiça acolheu a denúncia e ressaltou que a personalidade do réu tem "traços reprováveis, marcados por agressividade, manipulação e desprezo pelos valores morais e sociais", o que ficou "demonstrado por seu histórico de violência doméstica, ameaças constantes e acusações de abuso sexual contra as enteadas".
Sua conduta social reforça esse juízo negativo, uma vez que, no convívio familiar e comunitário, o réu apresentou comportamento desajustado e perigoso, caracterizado por ações que violam gravemente os direitos fundamentais das pessoas sob sua convivência, especialmente em um contexto de relações de poder e submissão.
-- juíza Edilza Barros, ao proerir a sentença do réu
O UOL não conseguiu localizar a defesa de Moisés Pereira da Cruz para pedir posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.