Oito suspeitos de desvios na Apae de Bauru são presos: 'Cifras milionárias'
Colaboração para o UOL, de Belo Horizonte, e do UOL, em São Paulo
03/12/2024 16h25
A Polícia Civil de São Paulo deflagrou nesta terça-feira (03) uma operação contra desvios de recursos da Apae de Bauru (SP). A ação ocorreu quatro meses depois do desaparecimento de Cláudia Regina da Silva Lobo, secretária-executiva da organização. Parentes de Cláudia estão entre os presos na ação de hoje.
O que aconteceu
Oito mandados de prisão temporária foram cumpridos. Três mulheres e cinco homens foram detidos pela polícia.
Entre os presos, estão parentes de Cláudia Regina da Silva Lobo, que desapareceu em agosto de 2024. As informações foram passadas pelo delegado Gláucio Stocco em entrevista à equipe da TV Tem, afiliada da TV Globo.
Segundo o delegado, eles são investigados pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. "São cifras milionárias", afirmou à TV.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Agudos, Bauru, Igaraçu do Tietê e Pederneiras (SP). A polícia apreendeu notebooks, celulares, veículos, joias, dinheiro, armas de fogo e munições durante a operação.
A Apae Bauru informou que irá "aguardar a entrevista coletiva do Delegado Dr. Glaucio Stocco, para obter mais informações sobre a investigação que se encontra em segredo de justiça." Em nota, a associação também afirma que "é crucial compreender que os fatos foram cometidos pelas pessoas neles envolvidas, e não pela instituição." Leia, abaixo, a nota na íntegra.
NOTA PÚBLICA APAE BAURU
A APAE Bauru informa que recebeu, por meio da imprensa, as atualizações a respeito dos mandados de prisão e de busca e apreensão realizados nesta data pela operação da Polícia Civil.
A APAE declara que irá aguardar a entrevista coletiva do Delegado Dr. Glaucio Stocco, para obter mais informações sobre a investigação que se encontra em segredo de justiça.
A APAE também comunica que a perícia contábil e financeira segue em andamento e assim como as investigações segue em segredo de justiça. A perícia está investigando o período referente a gestão do Roberto Franceschetti Filho, que compreende os anos de 2022 a 2024.
Por fim, a instituição destaca que colabora e confia no trabalho da Polícia Civil e aguarda para em breve poder colaborar com maiores informações, e também agradece todo o esforço da imprensa em colaborar e preservar a imagem da APAE Bauru.
É crucial compreender que os fatos foram cometidos pelas pessoas neles envolvidas, e não pela instituição. Assim, ressaltamos que a APAE Bauru segue prestando o serviço de excelência aos seus usuários nas áreas de Assistência Social, Educação e Saúde.
Desaparecimento de Cláudia
Cláudia Regina da Silva Lobo, de 55 anos, desapareceu no dia 6 de agosto, em Bauru. Ela era secretária-executiva da Apae da cidade.
As investigações apontaram que a mulher foi assassinada pelo então presidente da associação, Roberto Franceschetti Filho. O homem está preso desde o dia 15 de agosto. Ele foi indiciado por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual, informou ao UOL o delegado Cledson do Nascimento.
Dilomar Batista, ex-funcionário da Apae, também é investigado pelo assassinato. Ele teria ajudado a descartar o corpo de Cláudia e foi indiciado por ocultação de cadáver e fraude processual. O delegado chegou a pedir a prisão dele durante a investigação, mas a Justiça negou.
A principal hipótese é de que a morte tenha relação com questões financeiras, afirmou Cledson ao UOL, em agosto. "O próprio Roberto indicou que ele estava fazendo retiradas de valores da instituição e repassando para ela. Temos informações também que ela que o indicou como presidente", disse. A investigação aponta fortes indícios de que o assassinato ocorreu em meio a um "rombo" no caixa da Apae, má gestão da entidade e conflitos de interesse entre os dois.
Imagens de uma câmera de segurança em Novo Jardim Pagani deram "rumo decisivo para a investigação", diz polícia. O vídeo mostra Cláudia deixando o banco de motorista e indo para o banco de trás, onde foi encontrada a maior quantidade de sangue no carro, enquanto Roberto assume o volante.
O presidente da Apae teria dado um tiro na secretária pouco depois de trocarem de lugar no carro. Outras câmeras de segurança mostram Roberto seguindo pela Rodovia Cezário José de Castilho para se desfazer do corpo, de acordo com a investigação.
Defesa de Roberto nega que cliente tenha confessado crime de maneira "formal e muito menos informal". O advogado Leandro Pistelli disse que o cliente nega o crime, e argumenta também que, embora a polícia tenha coletado "fragmentos de ossos" ainda não há "qualquer laudo ou perícia" que os tenha identificado como sendo de Cláudia.