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Kotscho: 'Primeiro a polícia atira, depois é que pede o documento'

Do UOL, em São Paulo

10/12/2024 19h11

Em meio à escalada de violência policial, em São Paulo, o colunista Ricardo Kotscho criticou a política de segurança pública adotada pela gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante participação no UOL News, do Canal UOL, nesta terça-feira (10).

Eles acham que podem tudo. A impunidade impera. O 'apito de cachorro' [ou dog whistle, mensagem política empregando linguagem em código] do secretário da Segurança Pública [Guilherme Derrite] é licença para matar.

Eles falam em fatos isolados, mas houve dois casos de tiros dados por PMs pelas costas. Um rapaz que furtou sabão em pó e escorregou na porta do mercado levou onze tiros. Ele tinha que ser preso, não morto. Esse é o ponto. A polícia primeiro atira, depois pede o documento. Isso não pode continuar.
Ricardo Kotscho, colunista do UOL

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Tarcísio tem sido pressionado a demitir Guilherme Derrite, diante do número crescente de denúncias de violência policial e letalidade no estado de São Paulo. O governador, no entanto, descartou essa possibilidade ao ser questionado por jornalistas.

A polícia de São Paulo é a cara do Derrite, o sujeito afastado da Rota porque matou muito bandido. A polícia de São Paulo é uma polícia com autorização para matar ou para espancar. É uma polícia desprovida do mínimo de senso de moralidade. Essa polícia tem que ser revista.
Tales Faria, colunista do UOL

Em maio, ao consultar a certidão criminal de Derrite apresentada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a revista Piauí revelou que o ex-policial militar foi investigado por 16 homicídios, num período de três anos e nove meses, em seis inquéritos abertos contra ele.

Em 2021, o próprio Derrite admitiu os assassinatos ao falar sobre a sua saída da Rota, uma modalidade de patrulhamento da polícia paulista. "Porque matei muito ladrão. A real é essa, simples. Pá!"

STF atende pedido da Defensoria

Nesta segunda, Barroso atendeu a pedido da Defensoria Pública e decidiu manter o modelo atual de gravação ininterrupta dos dispositivos, e seu acionamento automático, conforme sistema implantado no governo anterior, de João Doria (PSDB).

As novas câmeras adquiridas pelo governo do estado não gravam ininterruptamente. O contrato com a antiga fornecedora dos aparelhos se encerrou em julho, e as câmeras novas, da Motorola Solutions, podem ser ligadas e desligadas pelos próprios policiais.

O governador de São Paulo era rigorosamente contrário ao uso das câmeras por policiais militares. Durante a campanha eleitoral de 2022, ele — que foi apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro — chegou a dizer inclusive que retiraria o equipamento do uniforme dos agentes.

Depois, recuou e foi pressionado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que pediu explicações sobre o uso do equipamento. Na quinta-feira (5), após a escalada de violência cometida por agentes militares, o político disse a jornalistas que "tinha uma visão equivocada" e que entende que as câmeras são "instrumento de proteção tanto da sociedade quanto do policial".

Violência policial ganha destaque

Dois casos ganharam repercussão apenas nas últimas semanas: no início de novembro, Gabriel Renan da Silva Soares, sobrinho do rapper Eduardo Taddeo, foi morto por um policial militar que estava de folga em frente ao mercado Oxxo, no Jardim Prudência, zona sul da capital paulista. Já no dia 4 de dezembro, outro agente foi gravado em vídeo arremessando um homem de uma ponte em uma abordagem, em Diadema, na Grande São Paulo. Neste caso, a vítima sobreviveu.

A PM matou 474 pessoas durante ações policiais no estado de São Paulo, entre janeiro e setembro deste ano, segundo dados contabilizados pela própria Secretaria de Segurança. A maioria dos alvos (64%) é formada por pessoas negras (255 pardos e 51 pretos). Ainda há 143 vítimas identificadas como brancas, enquanto as outras 25 pessoas não tiveram a cor da pele registrada.

O levantamento feito pelo UOL mostra ainda que 99% das vítimas são homens, como o estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta. A capital paulista lidera a lista de mortos com 122 casos, seguida de Santos, com 36, e São Vicente, 29.

Veja a íntegra do programa:

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h. Aos sábados às 11h e 17h, e aos domingos às 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64) e no UOL Play.

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