Tarcísio diz que 'estava errado' sobre câmeras, mas nega saída de Derrite
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse nesta quinta-feira (5) que "tinha uma visão equivocada" sobre o uso de câmeras corporais por PMs em São Paulo, mas confirmou que deve manter no cargo o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.
O que aconteceu
Governador disse que câmeras são "instrumento de proteção da sociedade e do policial". Ele afirmou que pretende manter e ampliar o programa estadual relativo a esses equipamentos, além de "tentar trazer o que tem de melhor em termos de tecnologia".
Ideia é que câmeras passem a ser acionadas quando os policiais entrarem em operação. Hoje, isso não acontece. Outra mudança em discussão é a possibilidade de que as câmeras tenham acionamento automático de forma remota pelo comando da polícia ou por bluetooth, para vários policiais que atuem numa mesma área.
Tarcísio se opunha às câmeras. Durante a campanha eleitoral de 2022, ele chegou a dizer que retiraria "com certeza" o equipamento do uniforme dos policiais. Depois, recuou. O governo paulista tem até esta sexta (6) para prestar esclarecimentos ao STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o uso de câmeras corporais pela PM.
Eu admito, estava errado. Eu me enganei.
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo
PM de São Paulo começa a usar câmeras novas neste mês, que permitem que o agente inicie e interrompa a gravação. O modelo usado desde 2020 grava ininterruptamente. Questionado se há um afrouxamento no programa, Tarcísio disse que o acionamento poderá ser feito de maneira remota, e que os equipamentos serão substituídos gradativamente. "Enquanto a gente não estiver seguro com relação à tecnologia, a gente não descontinua as câmeras que existem, que estão funcionando. Elas vão continuar em operação. (...) Só vai haver essa substituição gradativa a medida que a gente estiver muito confortável com a nova tecnologia que está chegando."
Derrite fica
Governador disse que Derrite é "estudioso". Declaração foi dada em resposta a pergunta sobre permanência de secretário no cargo após a revelação de vários casos de violência policial recentemente.
Casos dominaram manchetes no último mês. No domingo (1º), o PM Luan Felipe Alves Pereira jogou um homem de uma ponte na zona sul da capital paulista durante uma abordagem. O agente foi preso na manhã desta quinta e, segundo Tarcísio, será expulso da corporação. "Ele já foi conduzido à prisão, está no presídio militar e vai ficar preso. Vai ser expulso da corporação, não tenho dúvida disso", declarou o governador.
Caso aconteceu após sequência de registros de violência policial. No dia 20 de novembro, o estudante de medicina Marco Acosta foi morto baleado por um PM na Vila Mariana. No dia 5 de novembro, um menino de 4 anos foi baleado e morto durante uma operação em Santos. Dois dias antes, um jovem foi morto com 11 tiros por um PM de folga na zona sul de São Paulo.
Apesar da crise, Tarcísio disse que "não é a hora" de trocar o comando da PM. "Em momento de crises, você não deve fazer mexidas", disse ele. "Se a diretriz do governo do estado não está chegando com clareza na ponta, ela precisa chegar. E cabe a mim fazer chegar", afirmou o governador.
Atual comandante da PM é "excelente", segundo governador. Ele frisou ainda que o coronel Cássio Araújo Freitas tem uma trajetória respeitada e é admirado pelos seus pares". "Se o cavalo sair disparado, eu tenho que puxar a rédea", acrescentou.
São Paulo teve 580 mortes cometidas por agentes de segurança até setembro. O número é o maior desde 2020, quando houve 824 mortes e o uso de câmeras corporais foi adotado pela PM. Em 2024, 552 das 580 mortes contabilizadas pela SSP foram cometidas por policiais militares.
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