Nova onda de calor sobe temperaturas durante a semana; Rio pode ter recorde

O calor intenso que já vem incomodando os brasileiros nas últimas semanas deve aumentar nos próximos dias. Previsões meteorológicas indicam que uma massa de ar quente pode elevar as temperaturas, principalmente no Centro-Sul do país.

O que aconteceu

Mapa de anomalia de temperatura máxima no dia 17/02/2025; quanto mais próximo do vermelho, mais quente
Mapa de anomalia de temperatura máxima no dia 17/02/2025; quanto mais próximo do vermelho, mais quente Imagem: Divulgação/Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia)

A massa de ar quente e seco, que já atingia áreas das regiões Sudeste, Sul e Nordeste, começou a se intensificar neste domingo (16). Os primeiros impactos ocorreram em regiões do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná. Posteriormente, o fenômeno deve se expandir para Goiás e Bahia, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

No Rio de Janeiro, a temperatura pode superar os 41,8°C. Esse é o recorde de dia mais quente já registrado em fevereiro, no ano de 2023. "A gente pode passar disso principalmente na terça-feira", informou a meteorologista chefe do Sistema Alerta Rio, Raquel Franco.

Estamos em um fevereiro muito seco, com pouca chuva. A atual média [de chuva] agora no dia 16 de fevereiro é de apenas 5 milímetros (mm). Teremos mais uma semana sem chuva, e as previsões para o fim de fevereiro não indicam uma quantidade muito grande de chuva. Podemos ter um dos fevereiros mais secos da história
Raquel Franco

A prefeitura do Rio anunciou medidas para alívio do calor à população. Caso a cidade alcance o nível Calor 4 no protocolo municipal, serão disponibilizados 58 pontos de resfriamento. "São áreas que possibilitam sombra, pontos de hidratação e banheiros", indicou o chefe-executivo do COR-Rio (Centro de Operações e Resiliência), Marcus Belchior.

Em São Paulo, a temperatura máxima deve bater os 33,4°C. O calor, no entanto, não ficará contido na capital: a Defesa Civil do estado divulgou neste domingo (16) um alerta de altas temperaturas em todo o território paulista, válido até a quarta-feira (19).

As temperaturas no estado de São Paulo devem ficar 5% acima da média histórica. Segundo o Inmet, para o período essa média é de 24°C. A maior temperatura no estado deve ser de 38°C, na Região de Itapeva e Vale do Ribeira.

O calor pode ser agravado pelo nível de umidade do ar, que eleva a sensação térmica. Essa sensação é a intensidade do frio ou do calor percebida pelo corpo humano. Ela é influenciada não só pela temperatura externa, mas também pelas condições de umidade e do vento. Quando a temperatura e a umidade estão altas ao mesmo tempo, a transpiração não ocorre de forma eficiente, aumentando a sensação de calor percebida pela pessoa.

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Esta será a terceira onda de calor registrada no Brasil desde o início de 2025. A primeira ocorreu de 17 a 23 de janeiro; e a segunda, entre 2 e 12 de fevereiro, ambas no Rio Grande do Sul. Durante a segunda onda, o Inmet emitiu um aviso vermelho de grande perigo, válido até o dia 12, abrangendo também áreas de Santa Catarina e Paraná.

Sensação térmica de 60°C é improvável

Viralizou nos últimos dias um informação de que a sensação térmica poderia passar dos 60°C no Rio. A estimativa se baseia numa tabela do Núcleo de Climatologia Aplicada ao Meio Ambiente da Fesc-USP (Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo).

No entanto, segundo a instituição, o núcleo encerrou suas atividades em 2022, após a aposentadoria do professor responsável. Em nota, a USP esclareceu que a tabela de sensação térmica amplamente compartilhada foi publicada no site do grupo em 2019 por um então doutorando e trata-se de uma adaptação de dados da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), agência dos Estados Unidos responsável por estudos atmosféricos e oceânicos.

Confusão ocorre porque a tabela foi mal interpretada pelos leitores. A informação é do pesquisador do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), Bruno Bainy.

A pessoa pegou um resumo da previsão e combinou a temperatura e a umidade relativa máximas, cujos picos costumam ocorrer em horários bem diferentes, e 'jogou' na tabela. A maior temperatura geralmente ocorre no meio da tarde, e a umidade máxima, de madrugada ou ao amanhecer. É um uso errado dos dados e da tabela. Precisa coincidir os dados de temperatura e umidade para um mesmo horário Bruno Bainy

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Bainy reforça que a tabela da USP apresenta combinações teóricas de temperatura e umidade, mas nem todas são viáveis na prática. De acordo com o pesquisador, é errado olhar para a tabela e dizer que podemos ter 100% de umidade a 42 °C já que isso é muito difícil de ocorrer em condições naturais.

Pesquisador alerta para o risco de desinformação e alarmismo climático. "Casos recentes, como o do ano passado, mostraram como equívocos na divulgação de dados podem gerar pânico desnecessário. Ondas de calor são eventos sérios, mas precisam ser comunicados com precisão para que as pessoas saibam como se proteger", afirmou.

Ele também destacou que o calor extremo é uma das principais causas de mortes relacionadas ao clima —superando tempestades, furacões e tornados. Por isso, é fundamental que as pessoas entendam a gravidade desses eventos, mas sem exageros que possam levar ao descrédito ou ao pânico.

Cuidados durante a onda de calor

Calor extremo pode causar desconforto e riscos à saúde, especialmente para idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas. Especialistas recomendam cuidados extras:

  • Beba água regularmente;
  • Use roupas leves e claras;
  • Evite atividades ao ar livre nos horários mais quentes (10h às 16h);
  • Busque locais arejados e com sombra.
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* Com informações da Agência Brasil, da Agência Estado e de reportagem publicada em 12/02/2025.

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