Bebê vai para a UTI após farmácia vender medicamento errado
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Uma rede de drogarias terá de indenizar uma família de São Paulo em R$ 21 mil após vender um medicamento errado para uso em um bebê recém-nascido. A criança teve complicações após tomar o medicamento, e precisou ficar internada na UTI por três dias. O caso ocorreu em fevereiro de 2023.
O que aconteceu?
Após uma consulta pediátrica, a família foi até uma farmácia em um shopping na cidade de São Paulo para comprar um remédio contra enjoo e vômitos em bebês, mas recebeu um colírio de uso adulto no lugar. Após ingerir o medicamento, a criança teve intoxicação medicamentosa, e precisou ficar internada na UTI por três dias.
A família desejava comprar bromoprida, mas acabou recebendo tartarato de brimonidina no lugar. Trata-se de um colírio utilizado por adultos para o tratamento de glaucoma e outras complicações nos olhos.
A defesa da rede alegou que a confusão ocorreu devido à dificuldade de compreensão sobre o que estava escrito na receita, e culpou os pais da criança por não terem lido a bula do medicamento, enquanto a família acusou a farmácia de negligência.
A Justiça deu ganho de causa à família. A decisão foi do juiz Emanuel Brandão Filho, da 6ª Vara Cível do Foro Regional de Santo Amaro, que condenou a drogaria pela venda errada do medicamento. A rede recorreu, mas a 33ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a decisão inicial.
A relatora do recurso, desembargadora Ana Lucia Romanhole Martucci, entendeu que o receituário, embora tenha sido escrito à mão, não estava ilegível. "Se o atendente não tinha certeza da venda a ser efetuada, cabia-lhe consultar o farmacêutico responsável. [...] Na pior das hipóteses, poderia facilmente certificar-se, com questionamentos aos genitores da paciente, de que se tratava de um bebê com enjoo e vômito, o que não ensejaria a prescrição de medicação consistente em colírio de uso adulto."
A rede de farmácias terá de indenizar a família em R$ 21 mil. A criança, a mãe e o pai devem receber R$ 7 mil cada um, segundo a decisão, como reparação por danos morais. O processo transitou em julgado, e a rede não pode mais recorrer.
Outro bebê morreu após a mesma confusão
Em março de 2023, um mês após o caso em São Paulo, uma família de Goiás passou pela mesma situação, e o bebê Ravi Lorenzo, então com dois meses, não resistiu.
Ravi estava com náuseas, febre e vômito, e foi levado à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Formosa (GO) pela mãe. A mesma confusão envolvendo bromoprida e tartarato de brimonidina ocorreu em uma farmácia, e a criança também acabou ingerindo o colírio. Ela foi levada novamente à UPA, mas acabou morrendo na unidade.
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