Nunes nega golpismo no 8/1 e compara a uma invasão de Boulos e MTST em 2015
Do UOL*, em São Paulo
15/07/2024 10h41Atualizada em 15/07/2024 12h09
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) comparou os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 à "invasão" realizada pelo seu principal adversário, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), e o MTST a prédios do Ministério da Fazenda, em 2015.
O que aconteceu
"Não tem diferença em relação à questão das invasões do prédio público", afirmou Nunes. O prefeito fez a comparação com o episódio que envolveu Boulos, durante um protesto do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) contra o governo Dilma Rousseff (PT), há nove anos. Nunes participou da sabatina realizada pelo UOL e a Folha hoje.
O 8 de janeiro a gente podia comparar com 23 de setembro. O que aconteceu em 23 de setembro? Se a gente entrar no Google agora e colocar: 'Boulos invade ministério', vai sair na capa a foto do Boulos em cima da mesa numa invasão de um prédio público do Ministério da Fazenda. Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, na sabatina UOL/Folha
Boulos disse, à época, que entrou em prédio em protesto contra cortes de verbas para moradia. Além da sede do Ministério da Fazenda em São Paulo, o MTST invadiu instalações em Brasília, Boa Vista e Belo Horizonte, mas não houve depredação. "Nós ocupamos [as sedes] porque é esse ministério que está fazendo os cortes de verba na moradia e em todos os programas sociais", afirmou Boulos, em 2015.
Ataques do 8/1 às sedes dos Três Poderes causaram um prejuízo aos cofres públicos de ao menos R$ 20 milhões. A invasão foi um movimento golpista que não aceitou a derrota nas urnas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o presidente Lula (PT). Os manifestantes invadiram e destruíram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF (Supremo Tribunal Federal).
STF já condenou 216 pessoas pelos ataques golpistas na capital federal. Essas condenações são resultantes das 1.390 denúncias enviadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) ao STF.
Prefeito de São Paulo disse não achar que atos em Brasília tinham o objetivo de dar um golpe de Estado. "Eu não vejo, no dia 8 de janeiro, uma situação de pessoas armadas. Eram aposentados, pessoas que estavam ali fazendo um ato totalmente errado, mas não dá para se comparar uma coisa com a outra", afirmou Nunes, ao se referir às invasões do MTST em 2015.
Daquelas pessoas que estavam ali [em Brasília, no 8 de janeiro], eu não acredito [que houve tentativa de golpe]. Aquelas pessoas que a gente viu ali, pessoas em sua grande maioria humildes, ambulantes, aposentados... Eu não consigo imaginar que alguém sem um pau, sem nada... Eles cometeram um erro gravíssimo e têm que pagar por isso, mas está muito distante de a gente poder dizer que aquelas pessoas tinham uma intenção de dar um golpe de Estado. Ricardo Nunes (MDB)
Tentativa de assassinato a Donald Trump se relaciona de "forma indireta" com as eleições municipais no Brasil. "A gente precisa ter, em ações como essa [contra Trump], um exemplo daquilo que é necessário não fazer. Não é aceitável, razoável, qualquer tipo de comportamento que gere uma agressão como essa. Por centímetros, isso poderia ter levado o ex-presidente Trump à morte", disse o pré-candidato à reeleição.
Quem é Ricardo Nunes
Ricardo Luís Nunes Reis, 56, vai concorrer à reeleição para a Prefeitura de São Paulo. Eleito vice-prefeito em 2020 na chapa de Bruno Covas (PSDB), assumiu a cadeira de prefeito em 2021, após a morte do tucano, vítima de câncer.
Nunes foi vereador por dois mandatos na capital paulista. Natural de São Paulo, ele tentou uma vaga na Câmara pela primeira vez aos 21 anos, mas não foi eleito. Vinte anos depois, em 2012, conquistou seu primeiro mandato na Casa, com mais de 30 mil votos. Em 2016, foi reeleito para mais quatro anos como vereador, com 55 mil votos.
Prefeito tem disputado a liderança nas pesquisas eleitorais com o deputado Guilherme Boulos (PSOL). Na sondagem mais recente do Datafolha, divulgada no dia 8 de julho, Nunes marcou 24% contra 23% de Boulos, um empate técnico — a margem de erro foi de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Próximas sabatinas
O UOL e o jornal Folha de S.Paulo promovem sabatinas com pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. Pablo Marçal (PRTB) foi entrevistado no dia 10, e Guilherme Boulos (PSOL), no dia 12. José Luiz Datena (PSDB) será entrevistado amanhã (16), às 10h.
UOL e a Folha vão promover sabatinas com candidatos à prefeitura de 17 cidades do país. Já aconteceram as sabatinas com Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT), em Belo Horizonte; Bruno Reis (União) e Kleber Rosa (PSOL), em Salvador, e com João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD), no Recife.
Ainda acontecerão as sabatinas com candidatos a 13 prefeituras: Rio de Janeiro, Maceió, Manaus, Fortaleza, Curitiba, Guarulhos, São Bernardo, Santo André, Osasco, Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto e São José dos Campos.
*Participaram dessa cobertura: Ana Paula Bimbati, Anna Satie, Caíque Alencar, Rafael Neves e Nathalia Florido (estagiária).