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Vídeo íntimo, sacos de pancada: as polêmicas do deputado Pedro Paulo

Giovanna Arruda

Colaboração para o UOL

24/07/2024 10h52

O deputado federal Pedro Paulo (PSD) desistiu de concorrer como vice-prefeito do Rio de Janeiro na chapa com Eduardo Paes nas eleições de outubro. Nos últimos anos, a carreira política de Pedro Paula foi ofuscada por polêmicas e investigações da Justiça. Relembre abaixo.

O que aconteceu

Desistência informada a Eduardo Paes. Na última segunda-feira, 22, Pedro Paulo Carvalho Teixeira (PSD) informou a Eduardo Paes, também do PSD e atual prefeito da cidade do Rio de Janeiro, que não seria mais um dos nomes cotados a concorrer como seu vice nas próximas eleições. Pedro Paulo era tido como um dos favoritos para ocupar o cargo no pleito de reeleição de Eduardo Paes.

Vídeo íntimo envolvendo o deputado. De acordo com o Estadão, um suposto vídeo íntimo seria a motivação da desistência de Pedro Paulo. Segundo o deputado, o vídeo poderia ser explorado por adversários durante a campanha eleitoral. Segundo a colunista do UOL Raquel Landim, o vídeo já estaria circulando nos bastidores da política do Rio de Janeiro há pelo menos um mês.

Posição permanece aberta. Após a decisão de Pedro Paulo, o cargo de vice de Eduardo Paes segue sem um nome definido. PT, PSB e PDT estão disputando a indicação de vice-prefeito.

As polêmicas de Pedro Paulo

Acusações de agressão

Episódios repetidos. A primeira queixa de Alexandra Marcondes foi feita em dezembro de 2008. Segundo Alexandra, o casal discutiu dentro do carro e Pedro Paulo a xingou e a agrediu com chutes e socos no rosto e no corpo na frente da filha de 2 anos. Após fazer exame de corpo de delito, Alexandra não retornou à delegacia para formalizar acusação criminal contra o marido.

Dente quebrado. Em fevereiro de 2010, uma nova acusação de agressão por parte de Alexandra, que teria tido um dente quebrado por Pedro Paulo. O laudo da agressão registrou que Alexandra levou socos, foi agarrada pelo pescoço, jogada contra a parede e no chão, além de ser machucada com chutes. Após a segunda agressão, o casal se separou. Na época, a agressão de 2008 ainda não havia sido divulgada e o político afirmou que este caso de 2010 era um "episódio único" em sua vida.

Entrevista coletiva e confissões. Em novembro de 2015, às vésperas das eleições municipais, o ex-casal concedeu entrevista coletiva para comentar os casos de agressão que haviam sido divulgados. No evento, Pedro Paulo confessou que havia agredido a ex-mulher nas duas ocasiões divulgadas pela imprensa. Alexandra defendeu o ex-marido, dizendo que o político nunca havia sido uma pessoa agressiva. "Nós tivemos duas discussões, que foram estes dois tristes episódios". Já Pedro Paulo minimizou as agressões, dizendo que ele e Alexandra eram um casal como qualquer outro, com "brigas dentro de casa" e "descontrole". O político já havia confessado anteriormente episódio de traição.

Pedro Paulo e a ex-mulher Alexandra Marcondes em entrevista coletiva de 2015 em que comentaram os casos de agressão física praticadas pelo deputado Imagem: Reprodução/TV Globo

Investigação e arquivamento. Em 2016, Pedro Paulo, então candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PMDB, foi alvo de inquérito por lesão corporal aberto a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). Após Alexandra mudar a versão do que havia ocorrido entre ela e o deputado em 2010, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux arquivou o inquérito. Alexandra contou que, na ocasião, ela havia atacado Pedro Paulo ao descobrir uma traição e que o deputado tinha se defendido do ataque físico, causando as lesões encontradas em seu corpo.

Imagem desgastada. O tema foi trazido à tona em debate de 2016 pela então candidata Jandira Feghali (PCdoB), que chamou Pedro Paulo de "agressor de mulheres". Adversários na corrida pela prefeitura reforçaram o tema da violência contra a mulher em suas propagandas eleitorais. Nas eleições daquele ano, Marcelo Crivella (PRB) seria eleito prefeito.

Suspeitas de desvios em emendas

O deputado Pedro Paulo é um dos que mais direcionaram recursos de emendas parlamentares para ONGs suspeitas de desvios. Entre 2021 e 2023, foram R$ 22,7 milhões em emendas individuais do parlamentar para os institutos Carioca de Atividades e Realizando o Futuro. Para o projeto Desporto e Educação, de aulas gratuitas de ginástica e esportes, o ICA (Instituto Carioca de Atividades) pagou R$ 100 mil por 600 quimonos entre julho de 2022 e junho de 2023. No relatório de prestação de contas do projeto feito pela ONG, porém, não houve qualquer referência à prática de lutas que precisassem de quimonos.

Equipamentos de boxe sem a prática da luta. Recursos de uma emenda de Pedro Paulo foram usados por uma ONG para comprar equipamentos de boxe para um projeto de esporte que não tem a modalidade entre as aulas praticadas. O ICA gastou R$ 279 mil em 400 kits de boxe entre agosto de 2021 e abril de 2022. Cada kit tem um par de luvas de boxe, manoplas de foco (para treinamento de socos), protetor bucal e saco de pancada. Além dos kits, foram adquiridas mil bermudas de boxe por R$ 70 mil. No entanto, a ONG envolvida não atestou a existência e o uso dos equipamentos citados.

Gastos suspeitos seguem em outros projetos. Apesar de não haver nenhum polo de teatro, foram comprados por emendas de Pedro Paulo 12 kits de fantoches por R$ 1.785. 72 kits de agulhas de tapeçaria e costura, também foram adquiridos a R$ 1.785. Não há núcleos dessas atividades nas ONGs beneficiadas.

O ICA integra uma rede de ONGs suspeitas de desvios de dinheiro público. Entre 2021 e 2023, sete ONGs receberam quase meio bilhão de reais em emendas de parlamentares, a maioria do estado do Rio de Janeiro, reportadas pelo UOL no especial 'Farra das ONGs', uma série de reportagens sobre o assunto.

Deputado se defendeu das acusações. Por meio de sua assessoria de imprensa, Pedro Paulo disse que indicou as emendas para a Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), responsável pelo acompanhamento dos projetos, e que "não há qualquer ingerência" por parte dele na seleção das ONGs. No entanto, o UOL teve acesso a documento assinado pelo deputado e encaminhado à Unirio, em que Pedro Paulo indica nominalmente duas ONGs a serem utilizadas em projetos. Segundo o político, a fiscalização da utilização das verbas cabe à universidade e aos órgãos competentes.

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