Nunes insiste que BO da esposa contra ele é forjado, mas documento existe
O atual prefeito de São Paulo e pré-candidato à prefeitura, Ricardo Nunes (MDB), insistiu que o boletim de ocorrência contra ele feito pela mulher, Regina Carnovale, é falso. O documento existe e foi apresentado por jornalista da Folha de S. Paulo durante sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal.
O que aconteceu
Questionado sobre o boletim de ocorrência registrado pela mulher em 2011, Nunes voltou a dizer que o documento é forjado. O prefeito afirmou que trazer o questionamento à sabatina "é lamentável". "Minha esposa, estamos juntos há 27 anos, tenho três filhos e um neto. Usar um negócio desse é repudiante. É obvio que é forjado", disse.
Na sequência, a jornalista Carolina Linhares leu trecho de uma nota enviada pela esposa do prefeito à Folha em 2020. Na nota, de 15 de outubro daquele ano, Regina afirmou: "sobre o boletim, eu estava num momento difícil, muito sensível e acabei dizendo coisas que não são reais". A jornalista ressaltou que a mulher de Nunes não negou o registro do boletim.
Nunes disse que a delegacia de polícia teria dito que o boletim de ocorrência não existia. "Colocaram no sistema, isso é algo que machuca e desrespeita a minha mulher."
Em trecho do boletim, a mulher do prefeito diz que Nunes fazia ameaças diárias. Regina Carnovale afirma que o pré-candidato "inconformado com a separação, não lhe dá paz, vem efetuando ligações proferindo ameaças, envia mensagens ameaçadoras todos os dias e vai em sua casa onde faz escândalos e a ofende com palavrões". No documento Regina diz que "está com medo dele".
Minha esposa Regina contratou um advogado e ele peticionou na delegacia para poder pegar o documento e fazer o exame grafotécnico. A resposta foi que não existe esse boletim de ocorrência.
Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo
Documentos não citam ausência de boletim de ocorrência
Prefeito apresentou dois documentos da polícia sobre caso, mas eles não negam a existência do boletim. As certidões foram compartilhadas por Nunes ao final da sabatina para a equipe do UOL e da Folha.
Nunes apresentou um documento da Polícia Civil que afirma que a via original não foi localizada. Na certidão, a delegacia de Embu-Guaçu afirmou que encontrou a "escrituração do referido boletim de ocorrência em registro de boletins de ocorrências recebidos de outras delegacias". A entrada da documentação ocorreu em 4 de março de 2011, segundo a certidão. O escrivão afirma que à época foi "proferido o despacho para intimar a vítima" e que não houve instauração do caso.
A Delegacia da Mulher confirma também a existência do boletim. "Verifiquei que, no livro de registros de ocorrências do ano de 2011, consta o registro de Boletim de Ocorrências nº 608/2011, que versa sobre ameaça e injúria no âmbito de violência doméstica", diz trecho de documento apresentado por Nunes.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que o caso foi registrado na 6ª Delegacia de Defesa da Mulher. Segundo a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), Regina compareceu à unidade e a ocorrência foi encaminhada à delegacia de Embu Guaçu. "Contudo, havia necessidade de representação contra o autor, o que a vítima não fez", disse a pasta.
A Polícia Civil destaca que os boletins de ocorrência registrados, seja via internet ou em delegacias físicas, são submetidos a diversos procedimentos que garantam sua legitimidade.
Secretaria de Segurança Pública de SP
Mudança de versão sobre denúncia
Em novembro de 2020, a mulher de Nunes mudou a versão sobre a denúncia de violência doméstica conta o marido. Ao jornal O Estado de S. Paulo, ela disse que não se lembrava de ter feito o boletim. "Não sei se apagou da minha memória porque eu estava muito nervosa."
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Quero receberNa ocasião, Nunes disse que "teve desentendimentos" com a mulher. "Mas não houve nenhum tipo de agressão contra a Regina. Teve um momento que a gente estava um pouco alterado e teve aquele outro B.O. que eu fiz. O importante é que tudo isso foi superado. Nunca houve essa agressão."
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