Boulos explica ato com petista que foi investigado por suposto elo com PCC

O candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) poupou, em sabatina UOL e Folha, o vereador Senival Moura (PT), citado em relatório policial sobre suposto envolvimento do PCC na gestão de uma empresa de ônibus, embora tenha mencionado supostas relações do do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), com empresas acusadas de elo com a facção. Ele prometeu "desmilicializar" a política se vencer a eleição.

O que aconteceu

Boulos foi lembrado na sabatina que Senival participou de sua carreata no último domingo (20). Presidente da Comissão de Trânsito na Câmara Municipal, o petista foi citado pela Polícia Civil em apuração sobre o envolvimento da Transunião com Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, irmão de Marcola, líder do PCC. Os investigadores dizem que o vereador tinha 13 ônibus na Transunião, mas declarou só um e, por isso, o investiga por lavagem de dinheiro. O vereador afirmou ao colunista Osmar Jozino que é vítima e está à disposição da Justiça.

Boulos afirmou que não poderia condenar o petista por antecipação. "Eu não posso prejulgar uma pessoa que não foi indiciada e que não tem responsabilidade comprovada. Isso é ferir presunção de inocência", afirmou o deputado.

Em seguida, citou Milton Leite, presidente da Câmara Municipal, que também nega acusações de relação com outra empresa de ônibus e o PCC. "Eu, por exemplo, não citei aqui o nome do Milton Leite, que tem relação direta com a Transwolf, porque ele não está indiciado. Ele é um dos principais cabos eleitorais do meu adversário", afirmou em referência ao apoio de Leite à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB). O vereador disse que não tem relação com empresários que atuam no sistema de transporte público de São Paulo, apesar de sua familiaridade com essa área.

Confrontado, o psolista disse que sua relação com Senival será "republicana", se for eleito no domingo (27). "Ele, ou qualquer outra pessoa, [se] for indiciada e for comprovada responsabilidade, pra mim, pau que bate em Chico, bate em Francisco", disse ele ao prometer "passar a limpo os contratos do transporte". "Eu não vou aceitar crime organizado dentro da Prefeitura de São Paulo, doa a quem doer."

'Milícialização da política'

Boulos também citou a GCM (Guarda Civil Metropolitana), que tem agentes réus por suspeita de integrarem uma milícia. "Sobre a milícia da GCM, que é um ponto que pouco se falou nessa campanha, (...) é o risco que eu alertei no início dessa nossa sabatina: o risco da milicianização da política em São Paulo", afirmou. "Vou tirar o crime organizado da máquina pública. Não tenho rabo preso com eles, diferente do que parece do atual prefeito."

O candidato afirmou que uma de suas "missões" será "barrar a milicialização da política em São Paulo". Ele prometeu impedir que o crime organizado "tome conta da cidade mais rica do Brasil", disse.

Nunes também foi convidado para a sabatina, mas recusou. Na semana passada, o candidato do MDB também cancelou, de última hora, a participação em um debate entre ele e Boulos organizado pelo pool formado por UOL, Folha e RedeTV!.

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*Participam desta cobertura: Ana Paula Bimbati, Caíque Alencar, Nathália Moreira (estagiária), Rafael Neves e Wanderley Preite Sobrinho, do UOL, em São Paulo.

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