Lula 3 se desloca para centro com 'pacote Haddad' de contenção de gastos
Com um Congresso pró-mercado, a resistência a propostas como a redução de parcelas do seguro-desemprego, do abono salarial e alterações na multa de 40% paga aos trabalhadores demitidos sem justa causa ficará restrita aos partidos do núcleo da base do governo.
As medidas estão em estudo pela área econômica como parte de um pacote de corte de gastos e reforçam o deslocamento do governo Lula 3 da esquerda para o centro.
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, disse à coluna que o tema é de responsabilidade do seu colega Luiz Marinho, ministro do Trabalho, mas antecipou que "o PDT terá muita dificuldade em aprovar" medidas como essas.
Lula foi eleito com o apoio do PSOL, Rede, PSB, PCdoB, PV, Agir, Avante, Pros e Solidariedade. Esses partidos, mais o PT, têm 134 votos.
Ao assumir, contudo, compôs com MDB, PSD e União Brasil, levando partidos de centro para seu governo.
Sem voz no governo, o ministro Luiz Marinho está de férias no momento em que a área econômica avança nos direitos trabalhistas.
Marinho já foi desautorizado pelo presidente Lula a tratar do fim do saque-aniversário, que proíbe quem aderiu de sacar o FGTS em caso de demissão. O tema da precarização do trabalho de motoristas de aplicativo também saiu da agenda.
O ministro petista chegou a afirmar que as plataformas de transporte por aplicativo poderiam sair do Brasil se não aceitassem as regulamentações trabalhistas propostas pelo governo.
E classificou o saque-aniversário como uma "crueldade" com o trabalhador que recorreu à modalidade por ficar dois anos sem poder retirar seu saldo em caso de demissão. Há mais de 8 milhões de trabalhadores nessa situação.
Nos dois embates, pregou sozinho.
13 comentários
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.
Domingos Spinelli
Qual a sua sugestão, brilhante jornalista? Aumentar os gastos sem parar, até que o país tenha uma relação divida/PIB superior a 100% e entre em um processo inflacionário como por exemplo a Argentina entrou? Ou aumentar a carga tributária para 45, 50% do PiB, em processo contínuo de transferência de dinheiro de quem produz para esse Estado voraz, inchado, balofo e ineficiente? A redução de gastos seria gigantesca se não houvesse um Estado tão inchado como temos, e se o dinheiro dos impostos fosse direcionado a quem precisa, e não para manter essa casta de privilegiados nos 3 poderes. ELES que sugam a maior parte da grana. Mas sabemos que isso jamais mudará no nosso país.
Maria das Graças
Haddad segue enxugando gelo. Ele mesmo sabe que o mercado só vai respeitar o Brasil se houver uma significativa redução dos custos. Para isso, o governo deveria fazer uma robusta reforma administrativa e também diminuir o orçamento secreto. Não são assuntos fáceis, haveria necessidade de chamamento da sociedade para defender as causas. O ponto é que Lula não quer comprar essa briga. Não tem mais força nem saúde para lutar por medidas indigestas. Como não faz o que deve ser feito, o povo continua se indignando toda vez que vai ao supermercado e percebe preços diferentes. Dólar aumentando toda semana, já a R$ 5,70, não deve ajudar na inflação. A resposta da militância para as mudanças na economia que não são percebidas pelo povo: o PIB do Lula é maior do que o PIB do Bolsonaro. Pobre Haddad, que missão inglória! Sabe o que precisa mudar, mas tem o fogo amigo do chefe e do PeTe.
Nelson Vidal Gomes
Duas saúdes merecem cuidados e ser muito bem tratadas: a de Lula e a do Brasil. Em ambos os casos recomenda-se a assunção provisória do Vice-Presidente ao cargo de Presidente em exercício. Que Deus nos ilumine a todos e abraços fraternos em agnósticos e ateus! Namastê!