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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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SP: Ação que apura ligação do PCC com empresa de ônibus mira vereador do PT

Senival Moura (PT), vereador de São Paulo - Reprodução/Facebook/Vereador Senival Moura
Senival Moura (PT), vereador de São Paulo Imagem: Reprodução/Facebook/Vereador Senival Moura

Colunista do UOL

09/06/2022 11h14Atualizada em 09/06/2022 15h46

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A Polícia Civil deflagrou hoje uma operação que investiga o envolvimento do PCC (Primeiro Comando da Capital) com a direção da Transunião, empresa de transporte coletivo do Itaim Paulista, zona leste de São Paulo. Um diretor e um ex-gerente de manutenção da empresa foram presos. O vereador Senival Moura (PT) também é um dos alvos da investigação. A polícia chegou a pedir a prisão dele, mas a Justiça negou.

Policiais do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) cumpriram oito mandados de busca e apreensão na capital paulista e em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), inclusive na casa e no escritório do vereador petista. Dezoito veículos da empresa foram apreendidos.

As investigações começaram após o assassinato de Adauto Soares Jorge, 52, ex-presidente da Transunião. Ele era o braço direito de Senival Moura, segundo a polícia, e foi morto a tiros em 4 de março de 2020, em um estacionamento da rua Cônego Antônio Manzi, em Lajeado, zona leste.

Segundo policiais civis, o autor dos disparos foi Jair Ramos de Freitas, 51, conhecido como Jair Cachorrão. Ele é um dos presos na operação deflagrada hoje pelo Deic. O outro detido é Devanil Soares Nascimento, 46, ex-gerente de manutenção da Transunião. Ambos estão com prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça.

O vereador Senival Moura disse à reportagem que soube da operação policial pela manhã. Ele afirmou que se considera vítima e que está à disposição da Justiça. Acrescentou também que fará um comunicado à imprensa assim que seus advogados tiverem informações sobre a ação do Deic.

Anderson Minichillo, advogado de Jair Cachorrão, afirmou que seu cliente nega a participação no assassinato de Adauto. Segundo o defensor, Jair não foi reconhecido por nenhuma testemunha do crime.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Devanil, mas publicará a versão deles na íntegra assim que houver manifestação. A coluna também não conseguiu ouvir a Transunião.

Já a Prefeitura de São Paulo comunicou que ainda não foi informada formalmente sobre as investigações na Transunião, que está à disposição das autoridades, vai acompanhar o caso e colaborar com a polícia em tudo que for solicitada.

As apurações do Deic indicam que Devanil foi quem levou Adauto para a emboscada no dia do crime. O ex-gerente de manutenção conduziu de carro a vítima até o estacionamento. Adauto desceu do veículo e em seguida foi assassinado.

Sempre segundo as investigações, Devanil ouviu os disparos, mas não ligou para a Polícia Militar nem se apresentou aos policiais que chegaram para atender a ocorrência. Em depoimento prestado à Polícia Civil, ele alegou ter ficado com muito medo de ser morto também.

O delegado Fábio Pinheiro, diretor do Deic, disse que foi pedida a prisão temporária do vereador Senival Moura, mas a Justiça negou. Ele informou que Jair Cachorrão tem passagens por roubo, receptação, tentativa de homicídio e lesão corporal.

De acordo com o Deic, a Transunião era utilizada para a lavagem de dinheiro do PCC. Porém, Adauto não estaria realizando o repasse de valores para os integrantes da facção criminosa. Por esse motivo, ainda segundo as investigações, Adauto teria sido desligado da companhia e jurado de morte.

Os agentes do Deic disseram ter apurado ainda que após o crime, Jair Cachorrão tornou-se diretor da Transunião. Os policiais afirmaram ainda que o vereador petista era proprietário de 13 ônibus da empresa, que tem contrato de R$ 100 milhões anuais com a Prefeitura de São Paulo. Foram apreendidos 18 ônibus da companhia.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, após o assassinato de Adauto, Senival passou a andar com escolta policial. O Deic apura se o vereador tem envolvimento no assassinato de Adauto e também se utilizava a empresa para lavar capital e se usava o dinheiro em campanhas eleitorais.

Essa é a segunda operação policial em uma semana envolvendo empresas de ônibus supostamente ligadas ao PCC. Na semana passada, a UPBUs foi alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos pelo Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcótico).

O Denarc apurou que a empresa tinha como acionistas ao menos seis integrantes do PCC. Um deles, Silvio Luiz Ferreira, 44, o Cebola, é, segundo fontes policiais, dono de ao menos 56 ônibus da companhia.