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Iraquianos votam em eleição decisiva; ataques de insurgentes matam ao menos 17

Iraque sofre série de ataques durante período de eleições - Saad Shalash/Reuters
Iraque sofre série de ataques durante período de eleições Imagem: Saad Shalash/Reuters

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

04/03/2010 07h00

Atualizada às 12h37

Insurgentes iniciaram nesta quinta-feira (4) uma série de ataques com o objetivo de prejudicar a segunda eleição legislativa que o Iraque organiza desde a invasão anglo-americana de 2003, que culminou na derrocada do ditador Saddam Hussein.

  • Iraque inicia votação (vídeo sem áudio)

Até o momento, ao menos 17 pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas, segundo as autoridades. Mas este número pode crescer.

Segundo a agência de notícias AP (Associated Press), três atentados foram contabilizados até agora pelas autoridades. No primeiro deles, um foguete Katyusha atingiu um prédio nas redondezas de Hurriya, a aproximadamente 500 metros de uma seção eleitoral. Ao menos sete pessoas morreram.

O segundo ataque aconteceu em Mansour, quando um homem-bomba detonou explosivos próximo a um grupo de soldados que formavam fila para votar, matando seis pessoas e ferindo outras 18.

O terceiro atentado também teria sido provocado por um suicida, próximo a outra estação de voto, desta vez onde policiais se preparavm para votar. Ao menos quatro pessoas morreram e 14 ficaram feridas.

"Os terroristas queriam impedir as eleições e resolveram explodir a si mesmos nas ruas das cidades", disse o ministro do Interior, Khalid Ayden Qader, que é responsável pela segurança da eleição.

O político afirmou que as medidas tomadas pelo governo impediram os terroristas de chegar aos locais de votação, por isso, os ataques foram realizados a eleitores em trânsito. Muitas vítimas eram agentes que trabalhavam na segurança do pleito.

Em meio a ameaças e tensões sectárias, o resultado dessas eleições serão fundamentais para definir as condições de autonomia e estabilidade do Iraque nos próximos anos.

Participam desse pleito mais de 6.000 candidatos, competindo pelas 325 cadeiras no parlamento que vão compor o novo governo. Segundo a missão da ONU no Iraque (Unami), 18,9 milhões de pessoas estão aptas a votar nos 64 mil centros eleitorais instalados em diferentes pontos do país.

Soldados, policiais, presos, trabalhadores de determinadas profissões e doentes começam a votar hoje; amanhã, iraquianos que vivem no exterior poderão ir às urnas distribuídas em 16 países; e os demais eleitores votam no domingo.

Sem maioria clara
Pela primeira vez na história do Iraque, os iraquianos votarão em listas abertas, o que dará aos eleitores a possibilidade de escolher um determinado grupo político ou um de seus representantes.

O atual premiê, o xiita Nuri al Maliki, é um dos mais importantes candidatos, mas os cálculos do próprio Maliki prevêem que ele terá dificuldade em obter uma maioria suficiente para se manter na chefia do Poder Executivo.

“Alianças para a formação do próximo governo são uma imposição”, disse Maliki, xiita nacionalista que tenta novo mandato de quatro anos.

Não há pesquisas confiáveis no Iraque que antecipem como será a votação, mas os eleitores ouvidos nas ruas pela agência EFE estão divididos entre a coalizão de Maliki e a Iraquiya, aliança liderada pelo ex-primeiro-ministro Iyad Allawi e pelo político sunita Saleh al-Mutlaq.

“Não vai haver uma maioria nesta eleição. Possivelmente haverá três, quatro ou cinco blocos”, disse à EFE Mizal al-Alusi, líder máximo do Partido Umma (independente), que tem duas cadeiras no Parlamento e faz oposição às grandes alianças políticas.

Com a queda nos níveis de instabilidade do país, as principais críticas da população contra o atual governo se voltam para o baixo nível dos serviços básicos de infraestrutura.

Violência

Ontem, 31 pessoas morreram e outras 48 ficaram feridas quando dois postos de polícia e um hospital foram alvo de ataques suicidas a bomba no Iraque, reascendendo o temor de que as votações dessa semana sejam novamente marcadas pela violência.

 Grupos insurgentes que não reconhecem a legitimidade do pleito já haviam anunciado que lançariam ataques contra os regiões de votação. A polícia local respondeu que a segurança será reforçada, mas admitiu que conter os homens-bomba é uma tarefa difícil.

Parte da legitimidade do futuro governo depende do sucesso em conter o número de vítimas e aumentar a confiança da população nas forças locais de segurança e inteligência, já que as tropas norte-americanas estão em processo de retirada.

Seguindo o cronograma definido por Washington e Bagdá no final de 2008, soldados estrangeiros não têm mais participação ativa na segurança diária, exceto quando o apoio é solicitado pelas forças iraquianas. O ano de 2011 é o prazo final para que todas as tropas dos EUA deixem o país.

*Com informações das agências internacionais, BBC e CNN