Topo

Vencedora do prêmio Nobel da Paz concentra atenções em eleições parlamentares em Mianmar

Do UOL, em São Paulo

01/04/2012 06h00

O principal nome das eleições parlamentares deste domingo (1) em Mianmar é o de Aung San Suu Kyi, candidata pelo distrito rural de Kawhmu a uma das 46 vagas em disputa. Vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1991 e ativista de longa data contra o regime de ditadura militar que governou o país por décadas, Suu Kyi conta com amplo respaldo popular, mas já declarou que estas eleições “não são verdadeiramente livres nem justas”.

O país do sul da Ásia viveu sob um regime ditatorial de 1962 até o ano passado. No entanto, o novo regime "civil" do país ainda é liderado por militares e ex-militares. O ex-primeiro ministro birmanês Thein Sein foi eleito presidente nas eleições de fevereiro de 2011.

A eleição deste ano é de grande importância para o Ocidente, que, depois de ter isolado a Junta Militar por décadas e de tê-la submetido a sanções econômicas, apoia os esforços do novo governo.

A Liga Nacional pela Democracia (LND), partido em que Suu Kyi construiu toda sua carreira, participou de eleições pela última vez em 1990, quando venceu 80% dos assentos na Assembleia, mas foi impedido de assumi-los pelo regime militar, que voltou atrás depois de acenar com alguma abertura política no fim dos anos 80. Desde então, Suu Kyi passou a maior parte do tempo em prisão domiciliar. Em 2010, a opositora estava ainda em prisão domiciliar quando seu partido boicotou o pleito.


As eleições deste ano são tidas por San Suu Kyi como não sendo realmente democráticas. "Não acredito que possamos dizer que são eleições livres e justas, se levarmos em conta o que foi observado nos últimos meses", disse a prêmio Nobel da Paz em entrevista concedida na capital Yangun.

No entanto, ela também reivindicou a necessidade de participar para fortalecer o processo de reformas."Continuamos determinados a seguir adiante, porque é isso o que o nosso povo quer", indicou, acrescentando: "Não me arrependo de participar".

Nos últimos meses, o partido de Suu Kyi denunciou casos de intimidação de candidatos por parte do governo e irregularidades na organização das listas de eleitores. O presidente Thein Sein reconheceu "erros inúteis".

De qualquer forma, o risco deverá ser nulo para o Partido da Solidariedade e do Desenvolvimento da União (USDP, majoritário), que havia reivindicado cerca de 80% dos assentos em 2010 e que conta com a fidelidade de um quarto dos parlamentares, militares designados.

Para enfrentar eventuais contestações, na semana passada, 150 observadores estrangeiros foram convidados para monitorar as eleições no país. Eles reclamaram das condições em que foi feito o convite – com pouca antecedência, admitindo no máximo dois representantes por país. Mesmo assim, o gesto tardio foi elogiado como sinal de que Naypyidaw quer que essas parciais tenham sucesso, para negociar melhor a suspensão de sanções.

(Com agências internacionais)