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Vídeo mostra maus tratos de prisioneiros por soldados espanhóis no Iraque

O vídeo mostra soldados espanhóis chutando e pisando em prisioneiros no Iraque em 2004 - Reprodução/El País
O vídeo mostra soldados espanhóis chutando e pisando em prisioneiros no Iraque em 2004 Imagem: Reprodução/El País

Do UOL, no Rio

17/03/2013 11h03

Reportagem publicada neste domingo (17) no site do jornal espanhol “El País” denuncia maus tratos de prisioneiros iraquianos em 2004, durante a Guerra do Iraque, por soldados espanhóis. Um vídeo publicado pelo veículo mostra cinco soldados chutando dois prisioneiros com força, dentro de uma cela.

De acordo com o texto, a cena foi gravada na principal base das tropas espanholas no Iraque, Diwaniya, no começo de 2004. A participação do país na guerra, que completa dez anos nesta semana, acontece sem o aval da ONU (Organização das Nações Unidas) e sem o apoio da opinião pública espanhola.

No vídeo, cinco soldados espanhóis entram em uma cela onde um homem está deitado no chão, sobre uma manta, com duas garrafas de água ao lado. Um dos soldados pede que o homem se levante, mas este parece não entender e continua deitado. Outro prisioneiro, que aparece na metade da gravação, é jogado sobre o primeiro e três soldados começam a chutar e pisar sobre os dois. Os outros dois oficiais observam na entrada da cela e um sexto grava a cena. É possível ouvir os prisioneiros alternando gritos e gemidos.

A reportagem teve acesso a um guia chamado “Procedimento de detenção e atuação com os prisioneiros”, distribuído após a chegada das tropas espanholas ao Iraque. O manual determina que “durante e depois da detenção se empregue a mínima violência possível” e que seja mantido “em todo momento o respeito aos direitos do prisioneiro”.

Os motivos para a captura de um prisioneiro, no entanto, são amplos e, segundo o manual, devem se orientar pelo “bom juízo e sentido comum” do oficial no comando. “Qualquer pessoa pode ser detida, se você acredita que ela represente uma ameaça às forças de coalizão”, orienta o guia.

De acordo com testemunhas, o centro de detenção em Diwaniya contava com cinco celas e, de acordo com o manual, cada uma delas deveria conter um catre. No vídeo em questão, não há cama –apenas uma manta sobre o chão de concreto.

"Paz e reconstrução"

O ministro da Defesa à época, Federico Trillo, afirmou que as tropas espanholas chegaram ao Iraque em missão de “paz, reconstrução e ajuda humanitária”. No entanto, dez meses após a chegada, as tropas já haviam sofrido 11 baixas.

O conflito teve início quando o imã xiita Múqtada al Sáder chamou seus seguidores a uma guerra santa contra as forças de coalisão.

O general Fulgencio Coll, que esteve à frente da Brigada Plus Ultra 3, não acredita que os prisioneiros tenham sido maltratados e diz nunca ter recebido denúncia sobre isso. “Tenho plena confiança nas pessoas que estavam sob o meu comando”, afirmou. Segundo ele, a orientação sobre os prisioneiros era “coloca-los no primeiro comboio para Bagdá”.