Conteúdo publicado há 6 meses

'Assange está livre, mas luta continua', diz ABI sobre acordo com EUA

Entidades ligadas a jornalistas no Brasil celebraram a libertação do fundador do WikiLeaks, Julian Assange. Ele estava preso no Reino Unido, mas conseguiu a liberdade na segunda-feira (24) após alcançar acordo judicial com as autoridades dos Estados Unidos.

O que aconteceu

"Foram 12 anos de afronta à liberdade de imprensa", diz ABI. Ao UOL, Octávio Costa, presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), celebrou a libertação de Assange, mas lamentou o fato de ele ter sido processado e preso por exercer seu ofício de jornalista.

Foram doze anos de afronta à liberdade de imprensa. Um escândalo, uma vergonha. Sob pressão de Washington, o Reino Unido ameaçava extraditar para os EUA um cidadão australiano cujo único crime foi o de praticar jornalismo profissional e de alta qualidade. Vale lembrar que vários grandes jornais que reproduziram as informações do WikiLeaks foram elogiados e ganharam prêmios de reportagem. Octávio Costa, presidente da ABI

Presidente da ABI lembrou casos de outros jornalistas. "Viva Assange!!! Viva a liberdade de imprensa!!! Mas é bom não esquecer que ainda há centenas de jornalistas presos, processados, perseguidos e censurados pelo mundo afora".

Vitória tardia, avalia Abraji. Katia Brembatti, presidente da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), disse que a liberdade de Assange é uma vitória para a categoria, ainda que tardia, segundo ela.

Esta foi a solução possível. O mais importante foi assegurar a liberdade de Julian Assange, depois de quase dois mil dias de prisão, e garantir que ele possa seguir livre a partir de então. A nosso ver, é uma vitória, ainda que tardia, que ensejou esforços de organizações e governos democráticos do mundo todo. É importante lembrar que o WikiLeaks teve um importante papel na revelação de temas de interesse público. Katia Brembatti, em nota enviada ao UOL

Associação Nacional e Internacional de Imprensa também se manifestou. O acordo feito também levantou a discussão sobre liberdade de imprensa e se pode haver precedentes.

Eu vejo essa questão [do Assange] como praticamente isolada. O Brasil é outro caso [e não deve abrir precedentes]. Nós temos aqui outra Corte, temos arcabouço legal e jurídico. A própria legislação brasileira fala que é livre a manifestação legal e o art. 5º fala sobre a liberdade de expressão.
Roberto Monteiro Pinho, presidente da ANI (Associação Nacional e Internacional de Imprensa)

Assange comparecerá na quarta-feira (26) a um tribunal nas Ilhas Marianas, um território dos EUA no Oceano Pacífico, para finalizar o acordo que permitirá o seu retorno à Austrália. A audiência ocorrerá nas Ilhas Marianas devido à proximidade com a Austrália e à oposição de Assange em viajar para o território continental dos EUA.

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O acordo alcançado não foi totalmente inesperado. O presidente dos EUA, Joe Biden, estava sob pressão para encerrar o caso de longa data. Em fevereiro, o governo australiano fez um pedido oficial nesse sentido, e Biden afirmou que iria considerar a questão, aumentando as esperanças entre os apoiadores do ativista de que fosse alcançada uma solução em breve. Até agora, o governo americano não apresentou evidências de que alguém tenha sido prejudicado devido à publicação dos documentos.

Mais de 700 mil documentos confidenciais vazados. Assange ganhou notoriedade em 2010 após ter vazado relatórios sobre atividades militares e diplomáticas dos Estados Unidos, principalmente no Iraque e no Afeganistão. Os documentos foram publicados em seu site, WikiLeaks, e reproduzidos em parceria com outros veículos tradicionais. O vazamento foi considerado ilegal pelo governo americano. Já os seus defensores alegaram liberdade de imprensa.

A Justiça dos EUA acusou Assange de 18 crimes relacionados a violação da Lei de Espionagem, mas o acordo prevê que ele se declare culpado de uma única acusação: a de conspirar para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais. O acordo firmado prevê que ele seja condenado a 62 meses de prisão, o equivalente ao tempo que já cumpriu na prisão de alta segurança de Belmarsh, no Reino Unido.

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