Toffoli brinca e chama Alexandre de Moraes de 'censor-geral da República'

O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal) chamou, em tom de brincadeira, o colega de Corte, Alexandre de Moraes, de "censor-geral da República" na sessão plenária desta terça-feira (25).

O que aconteceu

A fala de Toffoli ocorreu logo no começo da sessão. O ministro foi o primeiro a se manifestar na retomada do julgamento sobre a descriminalização do porte de maconha e estava explicando que iria apresentar uma complementação de seu voto, que foi apresentado na quinta-feira da semana passada e não foi totalmente compreendido nem mesmo pelos colegas magistrados.

Ao explicar o voto, ele usou a expressão "censor-geral da República". No momento, ele olhou para o lado oposto do plenário, onde fica a cadeira do ministro Alexandre de Moraes, entre os colegas Luiz Fux e André Mendonça.

Toffoli e outros colegas riram no plenário. O ministro Moraes, que estava com a voz rouca durante a sessão, deu uma breve resposta fora do microfone, mas não foi possível identificar o que ele falou.

Eu sei que tomei bastante tempo da Corte, mas como geralmente, na média, eu costumo seguir ou o relator ou a divergência, eu penso que, na média de tempo, eu tenho algum crédito neste plenário para me pronunciar. O nosso censor-geral da República está aqui a duvidar disso.
Dias Toffoli, ministro do STF

Toffoli pronuncia seu voto durante julgamento do STF sobre o porte de maconha para uso pessoal
Toffoli pronuncia seu voto durante julgamento do STF sobre o porte de maconha para uso pessoal Imagem: Divulgação/Antonio Augusto/STF

Moraes censurou reportagens sobre Arthur Lira

Toffoli não explicou o motivo da brincadeira. O UOL consultou também seu gabinete, que não respondeu até a publicação da reportagem. A menção pode ter sido referência a uma decisão de Moraes, da semana passada, que foi interpretada como censura.

Moraes mandou retirar do ar matérias e postagens que atacavam o presidente da Câmara Arthur Lira e citavam acusações de violência doméstica contra ele. A decisão foi anunciada na semana passada e, após a repercussão, Moraes recuou em relação à censura de algumas reportagens.

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Entre os conteúdos censurados, estava uma entrevista da Folha de S.Paulo com a ex-mulher de Lira. Publicada em 2021, a entrevista com Jullyene Lins estava no canal de YouTube do jornal. Após a repercussão, o ministro entendeu que a publicação não tinha relação com algum movimento organizado de um grupo político para atacar o presidente da Câmara e voltou a liberar o conteúdo.

Além da entrevista da Folha, foram censurados uma matéria do portal Terra, um vídeo da Mídia Ninja e uma matéria do site Brasil de Fato. Dessas, Moraes manteve a decisão de tirar do ar apenas o vídeo da Mídia Ninja no YouYube.

Como relator do inquérito das fake news no STF, Moraes também já determinou a derrubada de conteúdos e perfis em redes sociais de parlamentares e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ministro chegou a entrar em atrito com o empresário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), que o acusou de cometer censura.

As informações obtidas após a realização dos bloqueios determinados, entretanto, demonstram que algumas das URLs não podem ser consideradas como pertencentes a 'um novo movimento em curso, claramente coordenado e orgânico, e nova replicagem, de forma circular, desse mesmíssimo conteúdo ofensivo e inverídico', como salientado pelo requerente, pois são veiculações de reportagens jornalísticas que já se encontravam veiculadas anteriormente, sem emissão de juízo de valor.
Alexandre de Moraes, ministro do STF, na decisão sobre a retomada de conteúdos sobre Lira

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