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Vazamento é o mais importante dos EUA, diz 'pai' de dossiês americanos

Do UOL, em São Paulo

10/06/2013 10h00

Daniel Ellsberg, o homem que há 40 anos vazou informações sobre os EUA na Guerra do Vietnã, escreveu um artigo para o jornal “The Guardian” em que elogia Edward Snowden, que revelou um amplo programa de grampos a cargo da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) americana.

“Não há na história americana um vazamento mais importante que este - e isso definitivamente inclui os Papéis do Pentágono, 40 anos atrás”, escreveu Ellsberg, sobre o material divulgado por ele próprio no artigo intitulado “Edward Snowden: nos salvando dos Stasi Unidos da América”, um trocadilho com o nome de seu país e a antiga polícia secreta da Alemanha Oriental.

Ao site “The Daily Beast”, Ellsberg disse que vê Snowden como “um novo herói, meu primeiro desde Bradley Manning”, se referindo ao militar americano que responde na Justiça pelo vazamento dados sobre o papel dos EUA no Iraque. O material foi divulgado pelo site Wikileaks, de Julian Assange. Ellsberg, que faz campanha pela soltura de Manning, disse que "esperou décadas" por alguém como Snowden.

“Ele está disposto a arriscar a vida por seu país. É o tipo de coragem que esperamos das pessoas no campo de batalha”, disse à emissora de TV “CNN”. Ao site “Daily Beast”, Ellsberg se disse “feliz por não ter levado outros 40 anos (para aparecer alguém). As pessoas que respeitam ou admiram o que eu eu fiz talvez não percebam agora, mas antes que isso acabe, reconhecerão que ele (Snowden) merece grande admiração. Quem odeia o que eu fiz, vai odiá-lo.”

O primeiro

Em 1971, no governo de Richard Nixon, Ellsberg forneceu a jornalistas do “New York Times” e do “Washington Post” papéis ultrassecretos sobre a conduta americana no Vietnã. Chamado de “papéis do Pentágono”, o material fez de Ellsberg o primeiro alvo de um processo do governo americano, com base na Lei de Espionagem americana, de 1917.

O caso foi abandonado em favor de Ellsberg, após a descoberta de que o governo Nixon grampeou ilegalmente o réu.