A 6 dias das eleições, Putin pede retirada de tropas da fronteira ucraniana
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou nesta segunda-feira (19) que tropas russas deixem a fronteira com a Ucrânia, segundo nota divulgada pelo Kremlin. Militares posicionados nas regiões de Rostov, Belgorod e Bryansk, perto do leste ucraniano, receberam a ordem para retornar as suas bases permanentes.
No entanto, um alto funcionário da Otan afirmou em Bruxelas (Bélgica) que a aliança militar não viu ainda indícios de que as tropas russas estejam voltando para suas bases. A Rússia já divulgou ordens recentemente para a retirada dos soldados, mas a Otan afirma que elas nunca foram cumpridas.
O gabinete de Putin afirmou que a determinação foi dada porque os exercícios militares realizados nesta época do ano terminaram. "Em conexão com o término da fase de treinamento de primavera que havia sido planejada (...) nas regiões de Rostov, Belgorod e Bryansk, Putin ordenou que o ministro da Defesa retire as tropas que fizeram parte deste exercício", diz a nota divulgada hoje às agências de notícias russas.
A Rússia também tornou a pedir ao governo ucraniano para colocar um fim à "operação de castigo" contra os rebeldes pró-Rússia nas regiões orientais de Donetsk e Lugansk e para retirar os militares dessa região.
"A Rússia pede o fim imediato das operações punitivas e da violência, o retiro das tropas e a resolução de todos os problemas através do diálogo pacífico", declarou um porta-voz do Kremlin, que também ressaltou que Putin "se congratula pelos primeiros contatos entre Kiev e os partidários da federalização [da Ucrânia] a fim de estabelecer um diálogo direto no qual devem participar todas as partes interessadas".
Na manhã desta segunda-feira, um tiroteio perto de Sloviansk, reduto separatista, deixou ao menos uma pessoa morta e várias feridas, de acordo com o site do Ministério da Defesa ucraniano. A informação foi confirmada também pela agência de notícias russa Interfax.
Eleições
A iniciativa poderia também ter o objetivo de reduzir a tensão no impasse entre a Rússia e o Ocidente por causa da Ucrânia, dias antes da eleição presidencial ucraniana, marcada para o domingo (25).
A Ucrânia realizará suas primeiras eleições presidenciais após a derrubada do presidente Viktor Yanukovich, em fevereiro deste ano, quando a capital Kiev enfrentou uma série de protestos que levaram à deposição. As manifestações migraram para o sul do país, mas em tom separatista, momento a partir do qual a Rússia passou a se envolver mais diretamente na crise ucraniana.
Além de receber Yanukovich, Moscou apoiou o movimento separatista pró-Rússia iniciado na Crimeia e o referendo que levou à anexação dessa península até então ucraniana ao território russo. A onda separatista caminhou, em seguida, para o leste ucraniano, região de fronteira, e mascarados --muitos falando russo e usando trajes militares sem identificação-- passaram a ocupar prédios públicos em várias cidades.
A Rússia sempre negou estar por trás das milícias que vêm declarando independência e autonomia em relação ao governo ucraniano, mas continuou enviando militares para a região. Confrontos, mortes e pedidos de potências ocidentais e da ONU (Organização das Nações Unidas) pela recuperação da estabilidade local não demoveram a iniciativa pró-Rússia nem o presidente Putin.
Retirada ajudaria a aliviar tensões
Analistas acreditam que as atuais tensões na Ucrânia possam diminuir caso a Rússia retire parte dos 40 mil militares que possui no país.
Tanto os Estados Unidos quanto a União Europeia têm advertido a Rússia sobre a imposição de novas sanções ao país caso ocorra interferência no processo eleitoral que se seguirá.
O candidato que está à frente da corrida presidencial, Petro Poroshenko, não tem dado sinais de que é tão anti-Rússia, como outros candidatos, o que deixa a impressão de um possível apoio vindo de Moscou. (com agências internacionais)
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