Otan não tem provas de que a Rússia começou a retirar tropas da fronteira com a Ucrânia

Em Bruxelas

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, afirmou não ter nenhuma prova de que a Rússia teria começado a retirar as tropas da fronteira com a Ucrânia, após um anúncio neste sentido do presidente russo, Vladimir Putin.

"Lamentavelmente não temos nenhuma prova de que a Rússia tenha começado a retirar suas tropas", declarou Rasmussen.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte calcula que 40.000 soldados russos estão na região.

"Esta é a terceira declaração de Putin, mas ainda não vimos nenhuma retirada", completou Rasmussen.

"Lamento, já que seria um sinal de distensão. Se um dia observamos provas de uma retirada, serei o primeiro a celebrar", afirmou.

Crise na Ucrânia
Crise na Ucrânia

Segundo nota divulgada pelo Kremlin, militares posicionados nas regiões de Rostov, Belgorod e Bryansk, perto do leste ucraniano, receberam a ordem para retornar as suas bases permanentes.

O gabinete de Putin afirmou que a determinação foi dada porque os exercícios militares realizados nesta época do ano terminaram. "Em conexão com o término da fase de treinamento de primavera que havia sido planejada (...) nas regiões de Rostov, Belgorod e Bryansk, Putin ordenou que o ministro da Defesa retire as tropas que fizeram parte deste exercício", diz a nota divulgada hoje às agências de notícias russas.

A Rússia também tornou a pedir ao governo ucraniano para colocar um fim à "operação de castigo" contra os rebeldes pró-Rússia nas regiões orientais de Donetsk e Lugansk e para retirar os militares dessa região.

"A Rússia pede o fim imediato das operações punitivas e da violência, o retiro das tropas e a resolução de todos os problemas através do diálogo pacífico", declarou um porta-voz do Kremlin, que também ressaltou que Putin "se congratula pelos primeiros contatos entre Kiev e os partidários da federalização [da Ucrânia] a fim de estabelecer um diálogo direto no qual devem participar todas as partes interessadas".

Arte/UOL
As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia

Na manhã desta segunda-feira, um tiroteio perto de Sloviansk, reduto separatista, deixou ao menos uma pessoa morta e várias feridas, de acordo com o site do Ministério da Defesa ucraniano. A informação foi confirmada também pela agência de notícias russa Interfax.

Eleições

A iniciativa poderia também ter o objetivo de reduzir a tensão no impasse entre a Rússia e o Ocidente por causa da Ucrânia, dias antes da eleição presidencial ucraniana, marcada para o domingo (25).

A Ucrânia realizará suas primeiras eleições presidenciais após a derrubada do presidente Viktor Yanukovich, em fevereiro deste ano, quando a capital Kiev enfrentou uma série de protestos que levaram à deposição. As manifestações migraram para o sul do país, mas em tom separatista, momento a partir do qual a Rússia passou a se envolver mais diretamente na crise ucraniana.

Além de receber Yanukovich, Moscou apoiou o movimento separatista pró-Rússia iniciado na Crimeia e o referendo que levou à anexação dessa península até então ucraniana ao território russo. A onda separatista caminhou, em seguida, para o leste ucraniano, região de fronteira, e mascarados --muitos falando russo e usando trajes militares sem identificação-- passaram a ocupar prédios públicos em várias cidades.

A Rússia sempre negou estar por trás das milícias que vêm declarando independência e autonomia em relação ao governo ucraniano, mas continuou enviando militares para a região. Confrontos, mortes e pedidos de potências ocidentais e da ONU (Organização das Nações Unidas) pela recuperação da estabilidade local não demoveram a iniciativa pró-Rússia nem o presidente Putin.

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