Passagem do papa pelos EUA reúne multidão, mas fica abaixo de viagem ao Brasil
O papa Francisco encerrou neste domingo (27) sua primeira passagem pelos Estados Unidos desde que se tornou pontífice, em 2013. Ele celebrou uma missa que atraiu um público de quase 1 milhão de pessoas, segundo o jornal "New York Times", diante do Museu de Arte da Filadélfia, no Estado da Pensilvânia.
A quantidade de pessoas que se uniu para ver Francisco fazer um apelo à unidade, ao diálogo e à tolerância no 7º Encontro Mundial das Famílias ficou próxima ao público da missa de acolhida que contou com a presença do papa na praia de Copacabana (RJ) na Jornada Mundial da Juventude, há dois anos.
Os seis dias de Francisco nos Estados Unidos, no entanto, ficaram abaixo da adesão observada no Brasil entre 22 e 28 de julho de 2013, quando mais de 3 milhões de pessoas, segundo a Igreja Católica, compareceram aos diversos eventos que contaram com a presença do pontífice no Rio de Janeiro e em Aparecida (SP).
Em território norte-americano, de acordo com as estimativas do "New York Times", o papa reuniu dezenas de milhares de fiéis em eventos diversos em Nova York e Washington, chegando às centenas de milhares em encontros do último sábado, na Filadélfia. No último dia de viagem do pontífice, na mesma cidade, o público se aproximou da casa de 1 milhão, ainda segundo o jornal.
Passagem marcante
Desde sua chegada a Washington, que também incluiu um discurso inédito na quinta-feira (24) diante das duas casas do Congresso, Francisco despertou grande interesse dos norte-americanos.
Tratado como uma grande estrela, o papa concentrou seu discurso nos princípios de humildade e proximidade com os setores mais vulneráveis, despertando a admiração de líderes de todas as classes políticas, da imprensa e até mesmo dos não católicos.
Em Nova York, deixou uma forte mensagem na ONU contra a opressão financeira sobre o mundo em desenvolvimento e a favor da luta contra as mudanças climáticas, antes de visitar o Memorial do 11 de Setembro. Ele se despediu da cidade com uma missa para 20 mil pessoas no Madison Square Garden.
Para os milhões de imigrantes em situação irregular que vivem nos Estados Unidos, Francisco tornou-se um verdadeiro paladino, defendendo-os e pedindo respeito pela sua dignidade e identidade.
Filho de italianos, exortou-os no sábado (26) a "não desanimar" e "nunca se envergonhar" em um discurso simbólico no local da declaração de independência dos Estados Unidos em 1776, na Filadélfia.
Em sua passagem pelo país, citou figuras históricas como Abraham Lincoln e Martin Luther King para pedir aos americanos que lembrem os valores fundadores da nação.
Na Filadélfia, com um diálogo franco e sem frases enigmáticas, o papa defendeu a família como a "fábrica de esperança", em um discurso improvisado para a multidão. Ele pediu para que as famílias superem suas dificuldades com paciência e amor e nunca terminem o dia "sem se reconciliar".
Em seu último dia em território norte-americano, no domingo, ele abordou uma questão sensível para a Igreja Católica e se reuniu com vítimas de padres pedófilos. "Deus chora. Os crimes contra menores não podem ser mantidos em segredo por mais tempo", afirmou Francisco, ao falar com bispos norte-americanos sobre o encontro.
O papa argentino de 78 anos ainda visitou uma prisão e falou pessoalmente com centenas de detentos, criticando os sistemas penitenciários que "não buscam gerar novas oportunidades" num país que aplica a pena de morte.
Os EUA têm a quarta maior população católica do mundo, atrás de Brasil, México e Filipinas, com aproximadamente 70 milhões de praticantes da religião no país –cerca de 21% da população norte-americana. No Brasil, 64,6% da população é católica, segundo dados do IBGE. (Com agências internacionais)
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