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Fugitivos famosos de Alcatraz podem ter vindo para o Brasil, diz documentário

Imagem divulgada no documentário do History, reproduzida pelo jornal "Telegraph", mostra dois homens que seriam os irmãos Clarence e John Anglin no Brasil em 1975 - Reprodução/The Telegraph/History Channel
Imagem divulgada no documentário do History, reproduzida pelo jornal "Telegraph", mostra dois homens que seriam os irmãos Clarence e John Anglin no Brasil em 1975 Imagem: Reprodução/The Telegraph/History Channel

Do UOL, em São Paulo

13/10/2015 17h56

Os irmãos John e Clarence Anglin, ao lado de outro preso, Frank Morris, protagonizaram uma das fugas de prisão mais famosas e elaboradas da história ao escaparem em 1962 do antigo presídio nacional de Alcatraz, que fica numa ilha em meio às águas geladas da baía de San Francisco, na Califórnia (EUA). Eles teriam sido os únicos a sobreviver entre os 36 prisioneiros que tentaram escapar da penitenciária.

A ação, retratada em Fuga de Alcatraz (também chamado de Alcatraz: Fuga Impossível, de 1979), um filme de sucesso estrelado por Clint Eastwood (no papel de Morris), teve um desfecho misterioso. Após meses de planejamento, no qual os três cavaram um buraco na parede de suas celas, produziram bonecos para enganar os guardas e construíram uma jangada improvisada para navegar na baía, eles conseguiram deixar a ilha, mas nunca ficou claro se conseguiram sobreviver à investida nas águas geladas –seus corpos nunca foram encontrados.

Ken e David Wildner, sobrinhos de John e Clarence Anglin, participaram de um documentário do canal norte-americano History sobre a fuga e afirmaram que os dois tios sobreviveram e possivelmente ainda estão vivos, aos 85 e 84 anos, respectivamente, e morando no Brasil.

Uma foto divulgada no documentário mostra dois homens à beira de uma estrada nos anos 1970, supostamente no Brasil. Ela foi examinada por peritos norte-americanos, que fizeram um trabalho de reconhecimento facial e disseram que é muito possível que os homens sejam realmente os fugitivos de Alcatraz.

A imagem foi entregue à família em 1992 por um amigo de infância dos irmãos, Fred Brizzi, que disse tê-los encontrado no Rio de Janeiro em 1975. Brizzi, que traficava drogas da América do Sul para o Estado da Flórida na década de 1970, teria, então, visitado uma fazenda que os irmãos possuíam no Brasil e tirado a foto no local.

No encontro com Brizzi, eles também teriam relatado com detalhes a fuga da baía. A suspeita é que os fugitivos utilizaram um cabo para prender a jangada a uma balsa de passageiros e, assim, se distanciar de Alcatraz. Há suspeita, inclusive, de que Brizzi tenha ajudado os irmãos a fugir, utilizando um barco para rebocá-los.

John e Clarence Anglin, que fugiram da prisão de Alcatraz em 1962 e podem ter vivido no Brasil, segundo um documentário do History Channel - Reprodução/History Channel - Reprodução/History Channel
As fichas de John e Clarence Anglin em Alcatraz
Imagem: Reprodução/History Channel

"Prova mais efetiva"

Art Roderick, ex-investigador norte-americano que ficou responsável pelo caso por 20 anos, se disse impressionado com a imagem. Para ele, essa é a “prova mais efetiva” que os investigadores já receberam.

“Quando você trabalha nesses casos, existe uma sensação no momento em que as coisas começam a se encaixar. Estou tendo essa sensação agora”, disse Roderick ao jornal “New York Post”.

Roderick conduziu dez novas entrevistas após verificar a foto e agora tenta convencer os investigadores norte-americanos a apurar o suposto paradeiro deles no Brasil. Mesmo que uma extradição não seja possível, caso eles sejam encontrados, Roderick diz que gostaria de conversar com os irmãos e descobrir como eles conseguiram sobreviver à fuga. Se por acaso eles estiverem mortos, os sobrinhos desejam levá-los para o cemitério onde a família está enterrada, na Flórida.

A atitude dos sobrinhos é a primeira colaboração da família com a investigação depois de anos de hostilidade em relação ao FBI, que cercou os Anglin após a fuga.

Além da foto, a família entregou cartões de Natal que John e Clarence assinaram e teriam enviado à mãe durante três anos depois da escapada. As assinaturas foram verificadas e confirmadas por peritos, mas eles não conseguiram checar se a data correspondia ao período pós-fuga de Alcatraz.

Os familiares também permitiram que os restos mortais de Alfred Anglin, irmão de John e Clarence, fossem desenterrados para cruzar o DNA com uma ossada encontrada na baía de São Francisco em 1963, até então um indício de que os prisioneiros haviam morrido afogados. Os testes apontaram que o DNA não corresponde ao dos irmãos Anglin –a possibilidade de o material ser de Frank Morris, que já não possui familiares vivos, continua existindo.

Clarence, John e Alfred Anglin foram presos após roubarem um banco no Alabama com uma arma de brinquedo. Clarence e John foram transferidos para Alcatraz depois de tentarem fugir de uma penitenciária estadual.

Durante seus 29 anos de funcionamento, Alcatraz teve condenados famosos, como o mafioso Al Capone, e registrou 36 presos que tentaram fugir da cadeia. A aura de “inescapável” foi abalada com a ação de Morris e dos irmãos Anglin, e o presídio foi fechado pelo governo de John F. Kennedy em março de 1963, nove meses depois da fuga do trio. Hoje, a antiga prisão é um dos principais pontos turísticos de San Francisco.

14.ago.2013 - A prisão mais famosa: Alcatraz. - Eric Risberg/AP - Eric Risberg/AP
Ilha de Alcatraz, com a antiga prisão ao fundo, em foto recente
Imagem: Eric Risberg/AP