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Desenho no "Charlie Hebdo" diz que Aylan adulto seria agressor de mulheres

Ilustração do cartunista Riss para a edição desta quarta-feira (13) do jornal satírico francês "Charlie Hebdo" - Reprodução/Twitter
Ilustração do cartunista Riss para a edição desta quarta-feira (13) do jornal satírico francês "Charlie Hebdo" Imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL, em São Paulo

14/01/2016 10h36

A foto do menino Aylan Kurdi, que em 2015 chamou a atenção para a gravidade da crise de refugiados tentando chegar à Europa, foi tema de umas das charges do semanário satírico francês “Charlie Hebdo”, em sua edição desta quarta-feira (13).

O jornal, alvo de um atentado há um ano em que 12 de seus colaboradores foram mortos por radicais islâmicos, agora é ferozmente criticado e acusado de racismo.

O menino Aylan morreu afogado, e seu corpo foi encontrado em uma praia na Turquia. A criança estava em uma embarcação clandestina de refugiados que afundou ao tentar chegar a uma ilha grega.

O “Charlie” sugere que, se não tivesse morrido na travessia pelo mar, o garoto sírio, de 3 anos de idade, teria se tornado um dos homens que participaram de graves atos de abuso sexual em Colônia (Alemanha), durante as comemorações de Ano-Novo.

Investigações indicam que, entre os agressores, havia solicitantes de refúgio no país.

Sob o título “Migrantes”, o desenho mostra dois homens com trejeitos animais (com rosto de macaco ou de porco) correndo atrás de duas mulheres.

“No que teria se transformado o pequeno Aylan se ele tivesse crescido?”, diz o cartum. “Apalpador de bundas na Alemanha”. A ilustração, divulgada nesta quinta-feira (14) pelo jornal britânico "Guardian", é assinada por Riss, diretor do "Charlie".

Esta insinuação de que todas as crianças refugiadas na Europa se transformariam em violadores chocou internautas, que se mostraram ultrajados em suas postagens na rede, mas também recebeu apoio dos que entenderam a charge de outro ponto de vista, oposto ao de racismo: uma sátira do que tem sido publicado pelos tabloides sobre os refugiados.

Os ataques em Colônia fizeram o governo da Alemanha reagir, facilitando a deportação de refugiados envolvidos em crimes. Mais de 600 mulheres registraram queixas de agressões sexuais e roubos nas festas de rua de Réveillon, a maioria em Colônia e em outras cidades do país.

Depois dos ataques, manifestantes xenófobos e islamofóbicos foram às ruas em protesto contra os imigrantes.