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Putin anuncia cessar-fogo na Síria entre governo e oposição

O presidente russo Vladimir Putin (centro), o ministro das Relações Exteriores  Sergei Lavrov (esq.) e o ministro da Defesa Sergei Shoigu se reúnem em Moscou, Rússia - Mikhail Klimentyev/Sputnik via AP
O presidente russo Vladimir Putin (centro), o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov (esq.) e o ministro da Defesa Sergei Shoigu se reúnem em Moscou, Rússia Imagem: Mikhail Klimentyev/Sputnik via AP

Do UOL, em São Paulo

29/12/2016 10h01Atualizada em 29/12/2016 12h14

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta quinta-feira (29) a assinatura de um acordo de cessar-fogo em toda a Síria entre o regime de Bashar al Assad e a oposição armada.

"Foram assinados três documentos: o primeiro é entre o governo sírio e a oposição armada sobre o cessar-fogo para o conjunto do território sírio", disse Putin, acrescentando que os outros se referem a negociações de paz.

Ambas as partes se comprometem em outro documento a "iniciar negociações de paz para a regulação" do conflito sírio, disse Putin em reunião com os ministros de Relações Exteriores e Defesa, segundo a imprensa local.

"Com este acordo, as partes concordaram em cessar todos os ataques armados, inclusive aéreos, e prometeram não expandir as áreas que controlam uns contra os outros", disse o ministério das Relações Exteriores turco em comunicado.

O Comando Geral do Exército e as Forças Armadas da Síria anunciaram nesta quinta-feira um cessar-fogo em todo o território nacional a partir da meia-noite (hora local; 19h em Brasília), informou a agência oficial "Sana".

O cessar-fogo exclui as duas organizações consideradas terroristas Estado Islâmico (EI) e Frente da Conquista do Levante (antiga Frente al Nusra, braço sírio da Al Qaeda) e os grupos vinculados a eles, segundo a nota.

O acordo tem como objetivo "preparar uma situação adequada para apoiar uma solução política à crise na Síria", segundo o Comando, que destacou as "vitórias" conquistadas recentemente pelas forças dirigidas pelo presidente Bashar al Assad.

A coalizão da oposição síria (CNS), a principal formação da oposição no exílio, anunciou que apoiará o acordo de cessar-fogo. "A coalizão nacional dá seu apoio ao acordo e pede a todas as partes que se submetam a ele", afirma um comunicado.

"Os acordos alcançados são, sem dúvidas, frágeis. Exigem uma atenção especial e vigilância", disse Putin. O chefe do Kremlin afirmou que a Rússia esperava há "muito tempo" esse acordo entre Damasco e a oposição síria e que tinha trabalhado muito para isso junto com a Turquia e outros parceiros regionais.

Putin também anunciou uma redução da presença militar russa na Síria. "Estou de acordo com a proposta do ministério da Defesa sobre uma redução de nossa presença militar na Síria", disse Putin durante o encontro que foi transmitido pela TV russa. "Mas vamos continuar com certeza nossa luta contra o terrorismo internacional", acrescentou.

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Reuters

"Durante os últimos dois meses mantivemos negociações com os líderes da oposição síria moderada com mediação turca. Esses grupos controlam grande parte das regiões centrais da Síria que não estão subordinadas a Damasco", disse o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, que calculou o número de soldados desses grupos opositores em "mais de 60 mil".

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que Arábia Saudita, Catar, Egito, Jordânia e Iraque serão convidados a fazer parte do acordo de paz na Síria.

"E, com certeza, convidamos os representantes da ONU. Isso permitirá garantir a continuidade do processo político levando em conta os marcos estabelecidos na resolução 2254 aprovada pelo Conselho de Segurança", disse.

Lavrov adiantou que os documentos pactuados por Damasco e pela oposição síria serão apresentados diante do Conselho de Segurança. Sobre os EUA, o ministro russo disse acreditar que "quando o governo de Donald Trump assumir suas funções, também se somará a estes esforços para trabalhar de maneira coletiva e amistosa".

Mais cedo nesta quinta-feira (29), o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, disse que, se o cessar-fogo tiver êxito, serão iniciadas negociações entre o governo do presidente sírio, Bashar al Assad, e a oposição em Astana, a capital do Cazaquistão.

Rússia e Turquia estão muito envolvidas no conflito sírio, no qual apoiam grupos contrários. Moscou é o principal aliado de Assad, enquanto Ancara defende os rebeldes.

A cooperação russo-turca permitiu concretizar um cessar-fogo há duas semanas em Aleppo e a evacuação de milhares de rebeldes e civis dos bairros rebeldes reconquistados pelo governo.

Esta cooperação se intensificou nos últimos meses, após a superação da crise provocada pela derrubada de um caça russo pela força aérea da Turquia na fronteira sírio-turca no fim de 2015.

A Turquia permaneceu em silêncio durante a ofensiva das tropas sírias, apoiadas pela aviação russa, contra o reduto rebelde no leste de Aleppo, que permitiu ao regime reconquistar a totalidade da segunda cidade do país.

Cavusoglu reafirmou, no entanto, que a Turquia excluía totalmente conversar diretamente com Assad.

Desde 2011, a guerra na Síria provocou a morte de mais de 310.000 pessoas.

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Efe