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No 1º evento após a posse, Trump vai à CIA e culpa imprensa por conflito com agência

Donald Trump discursa na sede da CIA, a agência de inteligência norte-americana - REUTERS/Carlos Barria
Donald Trump discursa na sede da CIA, a agência de inteligência norte-americana Imagem: REUTERS/Carlos Barria

Do UOL, em São Paulo

21/01/2017 18h55

Donald Trump fez neste sábado (21) seu primeiro discurso após a posse como presidente dos Estados Unidos durante uma visita à CIA, agência de inteligência do país, em Langley (Virgínia).

Na visita, que funcionaria como uma espécie de reconciliação entre Trump e a agência, após os dois entrarem em conflito nos últimos meses, o presidente elogiou o trabalho de inteligência e culpou a imprensa americana pelo confronto.

"Vocês são um dos grupos mais importantes do país, que nos tornará seguros de novo. Estou com vocês 1.000%. Vocês são minha primeira parada como presidente. Eu estou em guerra com a mídia, porque eles estão entre os seres humanos mais desonestos da face da Terra. Eles criaram uma história de que eu tinha um conflito com a comunidade de inteligência, e é o exato oposto", disse Trump.

Em seguida, o presidente americano atacou a cobertura feita durante sua posse, em Washington, dizendo que a imprensa "mostrou um campo vazio" na televisão para, segundo ele, criar a impressão de que havia poucas pessoas presentes à cerimônia.

Ele também atacou um jornalista que publicou a informação, depois corrigida, de que o busto do ativista negro Martin Luther King havia sido retirado da Casa Branca. "Eu nunca faria isso, porque tenho muito respeito pelo doutor Martin Luther King. É assim que a mídia desonesta trabalha. Depois, se importaram em dar duas linhas [para se retratar]", declarou.

No discurso, Trump também falou que os Estados Unidos não estavam usando todas as suas "habilidades" nas guerras em que participou e afirmou que o "terrorismo radical islâmico tem que ser erradicado da face da Terra".

"Temos que nos livrar do Estado Islâmico, não temos escolha. Podemos entender que pode existir guerra entre dois países, mas isso não dá para entender, um nível de maldade que nunca vimos antes. Está na hora de terminá-lo."

Trump x CIA

As relações entre Trump e a comunidade de inteligência ficaram tensas imediatamente depois da eleição presidencial de novembro, quando várias destas agências indicaram que a Rússia havia interferido na campanha para ajudar o polêmico milionário.

Na ocasião, Trump recorreu ao Twitter para ridicularizar as agências de inteligência, lembrando que elas mesmas afirmavam que o Iraque tinha armas de destruição em massa para justificar a intervenção naquele país.

A tensão se converteu em hostilidade depois que foram vazados à imprensa supostos documentos de inteligência que sugeriam que a Rússia poderia chantagear Trump por possuir supostos vídeos comprometedores do empresário durante uma visita a Moscou em 2013. Trump acusou publicamente os órgãos da inteligência americana de vazar estes documentos, cuja autenticidade nunca ficou comprovada.

Em resposta aos ataques de Trump, o diretor da CIA, John Brennan, disse a uma rede de televisão que Trump - naquele momento ainda presidente eleito - deveria ter mais cuidado com suas palavras. "Penso que o senhor Trump deve ser muito disciplinado em relação ao que diz em público", declarou Brennan, utilizando um tom completamente incomum para se referir ao presidente.

Na mesma entrevista, Brennan também declarou estar convencido de que Trump não entendia completamente "a capacidade, as intenções e as ações da Rússia".

Trump designou o legislador ultraconservador Mike Pompeo para substituir Brennan à frente da CIA, mas sua nomeação ainda depende da confirmação do Senado.