Topo

Confrontos entre palestinos e israelenses deixam mais de 700 feridos; Israel intercepta míssil

Manifestante palestino pega bomba de gás lacrimogêneo para lançar de volta contra os soldados israelenses durante confrontos  - Adel Hana/AP
Manifestante palestino pega bomba de gás lacrimogêneo para lançar de volta contra os soldados israelenses durante confrontos Imagem: Adel Hana/AP

Do UOL, em São Paulo

08/12/2017 17h21Atualizada em 08/12/2017 20h32

Socorristas do Crescente Vermelho disseram nesta sexta-feira (8) que pelo menos 767 pessoas ficaram feridas nos confrontos entre palestinos e israelenses em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Ocidental. A informação foi confirmada no mesmo dia em que a aviação israelense confirmou ter bombardeado alvos do Hamas em Gaza. Além disso, o sistema antiaéreo israelense interceptou um foguete disparado a partir do território palestino de Gaza.

As sirenes do alarme antimísseis foram acionadas nas cidades de Ashkelon e Sderot. Nenhuma vítima foi relatada em Israel, indicou o Exército em um comunicado. Nos territórios palestinos, o Crescente Vermelho confirmou que 61 pessoas foram atendidas por ferimentos com armas de fogo, 479 ficaram intoxicadas por gás lacrimogêneo, 200 foram atingidos por balas de borracha e outros 27 por causas diversas.

Este foi o segundo dia de incidentes depois que o presidente americano, Donald Trump, anunciou na quarta-feira que reconhecia Jerusalém como a capital de Israel.

Em Gaza, um palestino foi morto a tiros por soldados israelenses perto da fronteira de Gaza durante confrontos. O Exército israelense disse que centenas de palestinos estavam colocando fogo em pneus e jogando pedras contra soldados na fronteira. "Durante os levantes, soldados das IDF (Forças de Defesa de Israel) atiraram seletivamente contra dois principais instigadores e golpes foram confirmados", disse o Exército, em comunicado.

Um segundo palestino, "Maher Atalah, 54, faleceu no norte da Faixa de Gaza, após ser ferido durante os choques da tarde", revelou Ashraf al Qudra, porta-voz do ministério da saúde.
Outro palestino, de cerca de 20 anos, atingido por uma bala na cabeça, se encontra em estado grave.

Na quinta-feira à noite, o Exército israelense respondeu com ataques aéreos e de tanques contra dois postos militares na Faixa de Gaza, após o disparado de projéteis a partir do enclave palestino. Um dos projéteis caiu em Israel sem fazer vítimas, os outros caíram na Faixa de Gaza. 

Israel e o Hamas observam um frágil cessar-fogo desde o final da guerra de 2014, a terceira desde que o movimento islâmico assumiu o poder na Faixa de Gaza em 2007.

Veja também

Manifestações também foram registradas em várias cidades da Cisjordânia, incluindo Ramala, Hebron, Belém e Nablus. Na região, centenas de palestinos entraram em confronto com as tropas israelenses, enviadas pelo Exército do país para reforçar a segurança depois da decisão de Trump.

Protestos também na Cisjordânia

Em Ramala, sede do governo palestino, manifestantes queimaram pneus, provocando uma nuvem negra de fumaça sobre a cidade, e chegaram a ser atingidos por gás lacrimogêneo.

Cerca de três mil pessoas se reuniram em uma praça do município e, após discursos oficiais, seguiram para um posto de controle ao norte sob o lema "uma bandeira, todos unidos, marchamos para Jerusalém".

"Viemos hoje aqui porque não acreditamos que nossos líderes políticos possam fazer nada", disse o palestino Mustafa Birat, de 20 anos. "Não tivemos aula hoje, Jerusalém é a capital do nosso país e viemos aqui porque não temos outra escolha."

Na cidade bíblica de Belém, tropas israelenses dispararam canhões de água e lançaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a manifestação. Os confrontos, a poucas semanas do Natal, podem abalar as celebrações da data na cidade.

Segundo o Crescente Vermelho palestino, balas de borracha deixaram quatro feridos em Ramala e cinco em Belém.

Ao longo da fronteira entre Gaza e Israel, seis manifestantes ficaram feridos em confrontos com os militares, sendo que um deles está em estado crítico, informaram autoridades de saúde.

Um porta-voz do Exército de Israel, que anunciou ter posicionado "uma série de batalhões" na Cisjordânia após o anúncio de Trump, informou que tiros foram disparados contra um grupo de palestinos que estavam lançando pedras, queimando pneus e se aproximando das cercas da fronteira.

A decisão do presidente americano de transferir a embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, reconhecendo, assim, a cidade disputada como capital do governo israelense, provocou reações indignadas entre entidades e líderes internacionais nesta quarta-feira.

Durante o anúncio na Casa Branca, Trump disse que a medida apenas reconhece o "óbvio": que Jerusalém é sede do governo israelense. "Não é nada mais que o reconhecimento da realidade."

Israel considera Jerusalém sua capital "eterna e indivisível", enquanto os palestinos defendem que a porção leste de Jerusalém deve ser a capital de seu almejado Estado.

As Nações Unidas estabelecem que o status de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelenses e palestinos, razão pela qual os países com representação diplomática em Israel têm suas embaixadas em Tel Aviv e imediações.

(Com agências internacionais)