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Imigrantes são alvos de tiros disparados de carro na Itália

Paramédicos socorrem homem ferido após ataque em Macerata, na Itália - Guido Picchio/AP
Paramédicos socorrem homem ferido após ataque em Macerata, na Itália Imagem: Guido Picchio/AP

Do UOL, em São Paulo

03/02/2018 10h26Atualizada em 03/02/2018 17h04

Um homem atirou de dentro de um carro contra imigrantes africanos na cidade de Macerata, a 200 quilômetros de Roma, neste sábado (3). Pelo menos seis pessoas ficaram feridas no ataque que, segundo relatos de testemunhas e da polícia local, tem características de crime de ódio motivado por racismo.

Os disparos começaram por volta do meio-dia, quando o homem percorreu várias ruas da cidade atirando em pessoas que passavam. Os alvos eram pessoas negras, de acordo com a imprensa local.

Dos seis feridos, quatro estão em estado grave e um teve que ser operado. A polícia confirmou em uma rede social que todos são de nacionalidade estrangeira.

Suspeito é ligado à ultradireita

A polícia prendeu um suspeito, identificado como Luca Traini, 28, originário da região de Marcas. Ele foi capturado sem resistir à prisão com uma bandeira da Itália nos ombros, fazendo uma saudação nazista perto de um monumento dedicado aos mortos na Segunda Guerra Mundial e gritando “viva a Itália”, segundo relatos de testemunhas. Uma pistola foi encontrada no seu carro, um Alfa Romeo.

3.fev.2018 - Luca Traini, suspeito de atirar contra imigrantes africanos na cidade italiana de Macerata  - Polícia da Itália/AFP  - Polícia da Itália/AFP
Suspeito detido pela polícia
Imagem: Polícia da Itália/AFP

Traini concorreu ao cargo de conselheiro da prefeitura de Corridonia, a cerca de 10 quilômetros de Macerata, nas eleições municipais de 2017, pelo partido de ultradireita Liga Norte, que tem uma pauta antimigração e ultranacionalista. Em um manifesto eleitoral publicado em 11 de junho, o suspeito do ataque aparece junto com o então candidato à prefeitura da cidade, Luigi Baldassarri. Traini não foi eleito.

Um dos líderes da Liga Norte, Matteo, Salvini, condenou o ataque. "Alguém que atira é um criminoso, não importando a cor de sua pele", afirmou.

O tiroteio gerou pânico em Macerata, e as autoridades chegaram a pedir para que os habitantes não saíssem de casa ou que procurassem espaços fechados se estivessem na rua.

"Fiquem em casa até novo aviso. Há um homem armado em um carro que está atacando na cidade", disse o prefeito, Romano Carancini.

Eleições nacionais

O primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, condenou o ataque contra os estrangeiros e afirmou que "o ódio e a violência não conseguirão dividir" a sociedade.

"Os crimes cruéis e os comportamentos criminosos serão perseguidos e castigados. Esta é a lei. Isso é o Estado", disse ele, em uma breve declaração no Palácio Chigi, a sede do governo.

O político, do Partido Democrata (centro-esquerda), aproveitou a ocasião para fazer um apelo aos grupos envolvidos na campanha eleitoral para que não incentivem "uma espiral de violência".

"Confio no sentido de responsabilidade de todas as forças políticas. Os comportamentos criminosos não podem ter motivação ideológica. Criminosos são criminosos", disse.

A aliança de centro-direita que lidera as pesquisas para as eleições nacionais, marcadas para 4 de março, defende um programa antimigração.

(Com agências de notícias)