Eleitores ainda votam na Venezuela, passadas três horas do fechamento oficial das urnas
Eleitores ainda votam na Venezuela, passadas mais de três horas do fechamento oficial das urnas.
As eleições presidenciais, que começaram neste domingo (20) às 6h no horário local (7h em Brasília) deveriam se encerrar às 18h. No entanto, às 21h30 ainda havia colégios eleitorais abertos. Eles estão encerrando as atividades progressivamente ao longo deste tempo.
O atual presidente, Nicolás Maduro, havia indicado mais cedo que os locais de votação continuariam a atender as pessoas que estavam na fila após o fim do horário oficial. Tradicionalmente, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) prolonga o dia para "garantir o direito" ao sufrágio.
Por volta das 21h20, a presidente da Assembleia Constituinte da Venezuela, Delcy Rodríguez, disse ainda haver "eleitores na fila".
Opositores condenam à prática como uma forma de fraude, pois consideram que se trata de uma medida para conseguir mais votos para Maduro.
O atual presidente enfrenta no pleito o ex-governador Henri Falcón, chavista dissidente, o ex-pastor evangélico Javier Bertucci e o engenheiro Reinaldo Quijada.
O resultado das eleições presidenciais do país deve ser divulgado na madrugada de segunda-feira (21).
Leia mais:
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O dia foi marcado por locais de votação vazios e protestos de venezuelanos radicados em outros países, como Estados Unidos, Colômbia e Peru.
Os EUA anunciaram no final do domingo que não reconhecerão o resultado da eleição.
O chamado Grupo de Lima, que reúne diversos países da América, inclusive o Brasil, divulgou um comunicado em que não se manifesta diretamente sobre o pleito, mas reitera o compromisso de prestar assistência aos venezuelanos diante da crise.
Eleições esvaziadas
Durante todo o dia de votação, as agências de notícias descreveram locais de votação vazios e atribuíram o esvaziamento a um boicote convocado pelos opositores.
A organização oposicionista Frente Ampla Venezuela Livre divulgou um balanço das eleições às 18h do domingo, horário em que o pleito deveria ter terminado. Segundo o balanco, apenas 30% dos eleitores compareceram aos colégios eleitorais.
As ruas e seções eleitorais vazias podem ser consequência de um boicote convocado pela principal aliança de oposição, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), que não participou do pleito.
"Como não denunciar quando se leva as pessoas como se fossem cordeirinhos? Tem que dar liberdade às pessoas", expressou Bertucci após votar.
O comércio, por sua vez, funcionou normalmente neste domingo, registrando grandes filas.
No Colégio Miguel Antonio Caro, a seção eleitoral do presidente e candidato à reeleição Nicolás Maduro, havia mais pessoas esperando o ônibus para ir à praia do que para votar, relatou a agência Efe.
Alguns diziam à agência, sem gravar entrevista por medo de represálias, que a abstenção venceu as eleições.
No centro da cidade, Marcos Rojas, um aposentado de 63 anos, disse que não votaria porque as eleições já estavam definidas. "De qualquer forma, quem vai vencer é o presidente. Além disso, não confio no Conselho Nacional Eleitoral para nada", afirmou.
Venezuelanos que votaram criticam o boicote
"Se as pessoas seguirem pensando desta maneira nunca vamos sair disso. Elas não pensam que têm uma oportunidade de escolher o destino de nosso país", disse também à Efe a dona de casa Rosa Colmenares, criticando os compatriotas que não foram votar.
Poucas pessoas estavam na seção eleitoral de Colmenares no leste de Caracas. Apesar disso, ela pediu que os venezuelanos pensem com o coração e pensem diferente para conseguir uma mudança de governo.
No outro lado da cidade, no bairro de Catia, um reduto do chavismo no oeste de Caracas que também estava pouco movimentado, o operário Francisco Azuaje concorda.
"Vim votar para ver se mudamos o país. Não estou de acordo com a convocação pela abstenção", afirmou.
A presidente da Assembleia Constituinte da Venezuela, Delcy Rodríguez, deu um depoimento nesta noite dizendo que "o grande perdedor destas eleições foi o boicote".
Os pontos vermelhos
A maior parte dos eleitores em Catia passava pelos chamados "pontos vermelhos", tendas montadas pelo chavismo para controlar os votos.
A Efe testemunhou a alegria de um homem que contava a outro ter recebido uma mensagem no celular informando sobre o recebimento de um bônus após ter confirmado o voto para Maduro no "ponto vermelho".
A maior parte das pessoas se negava a falar com jornalistas por temer os "coletivos chavistas" que defendem a revolução.
(com Efe, AFP e Reuters)
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