Pacotes-bomba enviados a críticos de Trump saíram da Flórida, diz New York Times
Autoridades federais norte-americanas que investigam a origem de uma série de bombas enviadas esta semana a vários críticos proeminentes do presidente Donald Trump voltaram sua atenção para o sul da Flórida. Eles acreditam que vários dispositivos explosivos foram enviados da região, revelaram nesta quinta-feira (25) duas fontes ao jornal The New York Times.
Todos os 10 pacotes que foram descobertos desde segunda-feira (22) tinham como endereço de retorno a residência de Debbie Wasserman Schultz, uma congressista democrata da Flórida. A conclusão se deve à análise das informações coletadas pelo Serviço Postal dos Estados Unidos, que indicam que muitos pacotes foram enviados pelo correio do estado.
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O Serviço Postal registra imagens de correio que entram em seu sistema. Como parte da investigação, as autoridades têm procurado essas imagens para determinar a origem das bombas.
Um policial informou que o envelope e as etiquetas impressas nos pacotes enviados ao ex-vice-presidente Joseph R. Biden Jr. e ao ator Robert De Niro são semelhantes aos enviados na quarta-feira (24) ao ex-presidente Barack Obama e à ex-secretária de Estado Hillary Clinton.
Os dispositivos enviados a Biden foram interceptados pelo Serviço Postal dos EUA em Delaware. Semelhante a um pacote que foi enviado ao ex-procurador-geral Eric H. Holder Jr., o envelope foi mal endereçado e acabou redirecionado para o endereço da remetente, justamente a democrata Wasserman Schultz. Outro pacote também foi descoberto na mesma instalação, disse um oficial.
Um raio X mostrou que o pacote enviado a De Niro continha um dispositivo que, como os outros, parecia uma bomba de cano. "Parece que foi enviado pelo mesmo remetente", disse o funcionário ao jornal.
Investigadores federais, estaduais e locais em Nova York, Washington, Flórida e Los Angeles uniram forças para descobrir se as bombas foram enviadas por uma ou várias pessoas. Embora os investigadores acreditassem que alguns dos pacotes haviam sido entregues em mãos ou por mensageiro, eles agora apostam que todos os 10 artefatos foram enviados pelos correios, informou outra fonte que também preferiu manter sigilo sobre sua identidade.
O pacote a De Niro foi enviado a uma sala de correspondência em sua produtora de filmes, TriBeCa Productions, desde pelo menos terça-feira, de acordo com uma pessoa informada sobre a investigação. Por volta das 5 horas da manhã de hoje, a equipe de segurança da empresa ligou para o Departamento de Polícia de Nova York.
As investigações notaram que todas as pessoas que foram alvo das correspondências são críticas do presidente e já foram difamadas pela direita. Como nenhum dos dispositivos explodiu até agora, os investigadores tentam descobrir se as bombas eram, de fato, capazes de detonar.
Trump responsabiliza a mídia
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, responsabilizou nesta quinta-feira redes de comunicação por provocarem raiva e retórica de ódio contra políticos. "Uma parte muito grande da raiva que vemos hoje na nossa sociedade é causada pelas reportagens propositalmente falsas e incorretas da mídia tradicional, às quais eu me refiro como 'fake news'", escreveu Trump em publicação no Twitter.
"Ficou tão ruim e odioso que não há descrição. A mídia tradicional precisa limpar seu comportamento, rápido".
Em pronunciamento nesta quarta, após os primeiros pacotes serem encontrados, Trump pediu unidade aos dois lados da política americana. No mesmo dia, em um evento de campanha em Wisconsin, ele elogiou a si mesmo, dizendo que estava se comportando muito bem após o ocorrido.
Alvos são democratas e críticos de Trump
Todos os destinatários dos pacotes suspeitos são políticos democratas ou personalidades mal vistas por críticos de direita nos EUA, como a ex-candidata à presidência Hillary Clinton e o ex-procurador-geral de Obama Erick Holder.
O ex-diretor da CIA John Brennan, o doador do Partido Democrata George Soros e a deputada da Califórnia Maxine Walters costumam fazer críticas explícitas a Trump.
Durante a campanha eleitoral de 2016, De Niro afirmou que o então candidato republicano era "descaradamente estúpido", "completamente louco" e "idiota". Em junho, o ator de 75 anos foi aplaudido de pé durante a cerimônia de Tony Awards ao criticar o presidente.
Para onde foram os pacotes
Segunda-feira (22):
1. George Soros, doador de campanha dos democratas, no estado de Nova York.
Terça-feira (23):
2. Casa de Bill Clinton (ex-presidente dos EUA, democrata) e Hillary Clinton (adversária de Trump nas eleições de 2016), no estado de Nova York.
Quarta-feira (24):
3. Escritório do ex-presidente Barack Obama (democrata) em Washington DC.
4. John Brennan, ex-diretor da CIA e crítico de Trump. O pacote foi enviado à CNN - ele é colaborador da TV. Autoridades em NY confirmaram que o explosivo encontrado na CNN estava ativo - ou seja, com potencial explosivo. O pacote continha ainda um pó branco que será investigado.
5. Eric Holder, procurador-Geral da era Obama, era o destinatário de um envelope com explosivos postado com endereço errado. No endereço de "devolução em caso de impossibilidade de entrega", estava o endereço do escritório da deputada democrata Debbie Wasserman Schultz - onde o pacote foi interceptado.
6. Maxine Waters, deputada democrata, receberia um pacote que foi identificado no centro de triagem da correspondência do Congresso, em Capitol Heights, Maryland.
7. Um segundo pacote suspeito enviado para Maxine Waters foi interceptado em Los Angeles.
Quinta-feira (25):
8. Robert De Niro, crítico ferrenho de Donald Trump, era o destinatário de pacote enviado para o restaurante Tribeca Grill, em Nova York
9. e 10. Joe Biden, ex-vice-presidente dos EUA, era o destinatário de dois pacotes interceptados pela polícia em Delaware.
Os pacotes não chegaram às mãos de nenhum dos destinatários, uma vez que foram interceptados pelos serviços de inteligência ou encontrados antes de serem entregues.
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