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Trump pede união e condena violência política após explosivos enviados a opositores nos EUA

Evan Vucci/AP
Imagem: Evan Vucci/AP

Do UOL, em São Paulo

24/10/2018 15h33Atualizada em 24/10/2018 19h57

O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu nesta quarta-feira (24) união entre rivais políticos "para enviar uma mensagem clara e forte de que atos ou ameaças de violência política não têm lugar nos EUA". As declarações foram feitas depois de seis artefatos explosivos terem sido enviados para democratas, de oposição, e para a rede de TV CNN nos últimos dias:

Segunda-feira (22):

1. George Soros, doador de campanha dos democratas, no estado de Nova York

Terça-feira (23):

2. Casa de Bill Clinton (ex-presidente dos EUA, democrata) e Hillary Clinton (adversária de Trump nas eleições de 2016), no estado de Nova York

Casa de Hillary Clinton - Mike Segar/Reuters - Mike Segar/Reuters
Carro sai da casa de Bill e Hillary Clinton; local era alvo de pacote-bomba
Imagem: Mike Segar/Reuters

Quarta-feira (24):

3. Escritório do ex-presidente Barack Obama (democrata) em Washington DC

Residência de Barack Obama - Alex Brandon/AP - Alex Brandon/AP
Área próxima à residência de Barack Obama, alvo de pacote-bomba, é isolada
Imagem: Alex Brandon/AP

4. John Brennan, ex-diretor da CIA e crítico de Trump. O pacote foi enviado à CNN - ele é colaborador da TV

5. Eric Holder, procurador-geral da era Obama, era o destinatário de um envelope com explosivos postado com endereço errado. No endereço de 'devolução em caso de impossibilidade de entrega', estava o endereço do escritório da deputada democrata Debbie Wasserman Schultz - onde o pacote foi interceptado.

6. Maxine Waters, deputada democrata, receberia um pacote que foi identificado no centro de triagem da correspondência do Congresso, em Capitol Heights, Maryland

Trump fez uma rápida declaração sobre os incidentes na Casa Branca, e falou após a primeira-dama, Melania Trump, que também condenou as tentativas de ataque. "Não podemos tolerar estes ataques covardes e condeno veementemente todos os que escolhem a violência", disse Melania.

"Uma grande investigação federal está em andamento. Todo o poder do nosso governo está sendo usado para conduzir esta investigação e levar os responsáveis por esses atos desprezíveis à Justiça", disse em comentários na Casa Branca. "Estamos extremamente zangados, chateados, descontentes com o que testemunhamos esta manhã e vamos chegar ao fundo disso."

Ninguém reivindicou até o momento a autoria do envio dos pacotes.

Democratas como alvos

O Serviço Secreto confirmou que interceptou pacotes suspeitos, identificados como potenciais dispositivos explosivos, enviados para as residências do ex-presidente Barack Obama e da ex-secretária de Estado Hillary Clinton. O pacote para Hillary Clinton foi interceptado durante verificação de rotina na terça-feira. O do ex-presidente Obama foi interceptado na manhã de quarta-feira. Nenhum dos pacotes chegou a seus destinatários, cujas vidas não estiveram em perigo, garantiu o Serviço Secreto.

Pouco depois, a rede de notícias norte-americana CNN anunciou ter esvaziado sua redação em Nova York por causa de um pacote suspeito similar. Autoridades confirmaram que se tratava de um explosivo ativo --ou seja, com potencial explosivo.

Os telespectadores da emissora viram ao vivo a interrupção de um programa apresentado por Poppy Harlow e Jim Sciutto, quando o alarme de evacuação tocou. A CNN continuou a transmitir de sua redação em Washington e, em seguida, os jornalistas da rede continuaram a reportar da rua, e relataram que a brigada de especializada em bombas da polícia de Nova York havia sido chamada ao local.

O pacote encontrado na CNN era direcionado para John Brennan, ex-diretor da CIA e crítico de Trump. Também foi reportado um pacote suspeito no escritório de uma deputada democrata na Flórida. Debbie Schultz é ex-líder do Comitê Nacional Democrata. O pacote estava endereçado para o ex-procurador-geral da era Obama, Eric Holder, mas não foi entregue porque tinha o endereço errado --o pacote então retornou para o escritório de Schultz, que constava no remetente.

Outra deputada democrata que foi alvo dos pacotes foi Maxine Waters, da Califórnia. O pacote foi interceptado no centro de triagem da correspondência do Congresso, em Capitol Heights, Maryland.

O governador de Nova York, o democrata Andrew Cuomo, também informou que um pacote com explosivos foi enviado para seu escritório, mas a suspeita foi logo descartada.

Hillary Clinton agradeceu "aos homens e mulheres do Serviço Secreto que interceptaram o pacote endereçado a nós muito antes de chegar à nossa casa", antes de considerar que "é um momento preocupante, não é? E é uma época de profundas divisões, e temos que fazer tudo o que pudermos para unir nosso país".

O primeiro pacote contendo explosivos foi encontrado na segunda-feira, na casa caixa de correio do bilionário liberal americano George Soros, alvo de grupos de direita e importante doador do Partido Democrata. Soros não estava em casa no momento e os técnicos do esquadrão antibomba desativaram o dispositivo. Uma investigação foi aberta.

Os episódios acontecem duas semanas antes das eleições de meio de mandato, agendadas para 6 de novembro, que vão determinar se os republicanos mantêm o controle no Congresso.

(Com agências internacionais)