Presidente da Itália espera que Battisti seja 'prontamente entregue'
O presidente italiano, Sergio Mattarella, disse esperar que o terrorista italiano Cesare Battisti seja levado para a Itália após ter sido preso, no sábado (12), na Bolívia. Em comunicado divulgado neste domingo (13), Mattarella expressou sua satisfação com a prisão de Battisti, foragido desde dezembro.
O presidente quer que Battisti cumpra sua sentença "pelos crimes graves de que foi culpado na Itália" e disse que "o mesmo acontecerá com todos os fugitivos que foram para o exterior".
Battisti foi detido na tarde de sábado por uma equipe da Interpol formada por agentes italianos e brasileiros enquanto caminhava pela rua na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra e não ofereceu resistência, segundo fontes do Ministério do Interior da Itália. No momento da detenção, Battisti respondeu à polícia em português e mostrou um documento brasileiro que confirmou sua identidade.
A prisão do terrorista também foi comemorada pelo ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini. No Facebook, ele disse que Battisti é "um delinquente que não merece uma vida confortável na praia" e que deve terminar "seus dias na cadeia".
Segundo Filipe G. Martins, assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, o terrorista deverá ser trazido para o Brasil, "de onde provavelmente será levado até a Itália para que ele possa cumprir pena perpétua, de acordo com a decisão da justiça italiana", escreveu em seu perfil no Twitter.
O governo italiano, porém, enviou à Bolívia um avião com agentes de inteligência. As fontes do Ministério do Interior da Itália, contudo, desconhecem por enquanto se Battisti deverá retornar ao Brasil antes de ser extraditado à Itália, mas acreditam que este é "um ponto que se resolverá nas próximas horas".
As fontes indicaram que os investigadores italianos "nunca tinham perdido Battisti de vista", mas, após sua saída do Brasil e sua chegada à Bolívia, há uma semana "se aceleraram" os movimentos para sua detenção, "de acordo com as autoridades locais". Eles estiveram há uma semana na Bolívia para analisar a possibilidade de Battisti estar em Santa Cruz de la Sierra. Os investigadores fizeram comparações físicas e comportamentais para concluir que se tratava do italiano. Parte das investigações foi feita pela Promotoria de Milão, com sistemas de interceptações sofisticados implantados em colaboração com a polícia boliviana.
O UOL apurou que autoridades brasileiras e bolivianas estão em tratativa para definir os próximos passos.
Em nota, o Ministério da Justiça disse que, junto com o Ministério das Relações Exteriores, está tomando t"odas as providências necessárias, em cooperação com o Governo da Bolívia e com o Governo da Itália, para cumprir a extradição de Battisti e entregá-lo às autoridades italianas".
Defesa
Defensor de Battisti em processos no Brasil, o advogado Igor Tamasauskas disse que soube da prisão de seu cliente pela imprensa e que ainda não recebeu uma informação oficial a respeito.
Neste momento, com seu cliente na Bolívia, Tamasauskas diz que não tem o que fazer, pois não tem poder de atuação no país vizinho. "Eu sou advogado dele no Brasil".
Tamasauskas só poderá entrar com alguma medida caso Battisti seja trazido para o Brasil. "Eu só posso fazer alguma coisa se ele for trazido para o Brasil. Se o traslado dele for feito direto pra Itália, não posso fazer", comentou ao UOL por telefone. O advogado ainda estuda procedimentos.
Condenado
O italiano foi membro do grupo PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), um braço das Brigadas Vermelhas, e foi condenado à prisão perpétua por quatro homicídios entre 1977 e 1979, que ele nega ter cometido.
Após décadas foragido na França e no México, Battisti se instalou em 2004 no Brasil, onde permaneceu escondido até sua detenção em 2007 e sempre foi reivindicado com insistência pela Itália.
O STF (Supremo Tribunal Federal) aceitou sua extradição em 2009 em uma sentença não vinculativa que deixou a decisão nas mãos do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas este a rejeitou em 31 de dezembro de 2010, último dia de governo do seu segundo mandato.
Sua detenção na Bolívia aconteceu quando estava foragido desde dezembro do ano passado, depois que o STF ordenou sua detenção para extraditá-lo à Itália e o então presidente Michel Temer (MDB) assinou o decreto para isso. O novo presidente Jair Bolsonaro (PSL) também já tinha antecipado sua intenção de extraditá-lo e a notícia da sua detenção foi celebrada pela política italiana.
O ministro do Interior, Matteo Salvini, agradeceu ao presidente Bolsonaro pela colaboração, assim como às autoridades bolivianas, e afirmou que Battisti é "um criminoso que não merece uma vida cômoda na praia, mas acabar seus dias na prisão". "O meu primeiro pensamento vai para os familiares das vítimas deste assassino, que durante tempo demais gozou de uma vida que vilmente tirou de outros, protegido pela esquerda de meio mundo", disse Salvini.
Já o ministro da Justiça da Itália, Alfonso Bonafede, declarou que o foragido "agora será entregue à Itália" para que cumpra sua pena: "Quem se equivoca deve pagar, e Battisti também pagará".
"O tempo passado não sanou as feridas que Battisti deixou nas famílias das suas vítimas e no povo italiano, assim como que não diminuiu o desejo humano e institucional de obter justiça", escreveu o ministro no Facebook.
Além disso, destacados membros da oposição ao governo italiano do Movimento Cinco Estrelas e da ultradireitista Liga expressaram sua alegria pela detenção de Battisti, como o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, do Partido Democrata. "A detenção de Battisti na Bolívia é uma boa notícia. Todos os italianos, sem nenhuma distinção de tendência política, desejam que um assassino deste tipo seja devolvido o mais rápido possível ao nosso país para cumprir a pena. Hoje é um dia para a justiça", destacou.
(Com EFE, ANSA e RFI)
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