Árabes veem jantar com Bolsonaro como "primeiro passo" de reaproximação
Apesar do discurso curto e simples feito pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) aos embaixadores islâmicos e representantes do agronegócio brasileiro em um jantar em Brasília hoje, participantes do encontro se mostraram satisfeitos com as "palavras de apaziguamento".
O jantar, realizado pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, foi visto como um "primeiro passo" para restabelecer a comunicação entre a comunidade árabe e o governo de Bolsonaro após o mal-estar causado pelo alinhamento brasileiro com Israel e o debate sobre a mudança da embaixada de Jerusalém --que não ocorreu.
Durante o jantar, a viagem do presidente a Israel não foi abordada diretamente. Em entrevista ao UOL após o encontro, o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Albezen, afirmou que o encontro serviu para "quebrar o gelo".
"Teremos um momento certo em breve para falar sobre as questões envolvendo estas questões bilaterais, com o grupo de embaixadores, com o Itamaraty, com o Congresso brasileiro e com o próprio presidente. Isso deve ser feito em um encontro de trabalho. Hoje não era momento para isso, era para restabelecer o contato depois de meses de falta de comunicação", disse o diplomata, decano do conselho de embaixadores árabes e islâmicos.
Ali Saifi, diretor-executivo da certificadora de alimentos Cdial Halal, principal empresa do segmento no país, também considerou o jantar positivo, mas diz que esperava um discurso mais claro sobre as intenções do governo brasileiro em relação aos países árabes.
"A gente esperava um discurso mais efetivo. Mas a representatividade dele foi excelente. Bolsonaro conversou com todo mundo, mesmo que brevemente. Tive a oportunidade de falar para o presidente sobre a importância do mercado árabe. E ele me assegurou que quer uma boa relação com todos e que o nosso setor é importante", contou o empresário.
O Brasil é hoje o maior exportador de carne halal --abatida segundo costumes islâmicos-- no mundo. "Bolsonaro foi bem focado em apaziguar e reforçar esta aproximação", avaliou Saifi.
O embaixador palestino celebrou ainda a "ótima oportunidade para estabelecer contato com o governo e iniciar uma conversa amiga". "Acho que, falando, a gente se entende. Este é um primeiro passo para alinhar as arestas dos últimos três, cinco meses", afirmou.
"Não falamos de política, falamos de boas intenções e vamos continuar a manter este contato com base no interesse mútuo. Confio que o Brasil se manterá como um país amigo", destacou o diplomata.
Participaram do jantar cerca de 50 pessoas. Aos presentes, Bolsonaro falou por menos de dois minutos e pediu que "esses laços comerciais, cada vez mais, se transformem em laços de amizade, de respeito e de fraternidade".
"Nosso governo está de braços abertos a todos, sem exceção", disse o presidente, que também confirmou que visitará os países árabes neste primeiro semestre. O UOL apurou que os Emirados Árabes e o Egito estariam nos planos e que a visita deve ocorre no meio de junho, antes da cúpula do G20, que acontece no Japão no final do mesmo mês.
Os participantes do encontro destacaram o clima bom do jantar, sem as polêmicas que se destacaram nas últimas semanas em relação às inseguranças de países árabes pela viagem de Bolsonaro a Israel e pelo anúncio da instalação de um escritório de negócios em Jerusalém --e não da embaixada, que permanece em Tel Aviv.
Desde que voltou de viagem, o presidente afirmou que ainda não desistiu da mudança da missão diplomática brasileira e que a relação do Brasil com Israel é como um namoro, em que os dois países estão se conhecendo melhor.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.