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Campanha de Eduardo Bolsonaro por embaixada mira indecisos no Senado

Guilherme Mazieiro e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

13/08/2019 04h01

O governo trabalha nos bastidores para ampliar o apoio à indicação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como embaixador em Washington. Mas a campanha iniciada há um mês pelo pai do pleiteante, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), ainda não surtiu efeito, segundo apurou o UOL com senadores que formam a Comissão de Relações Exteriores (CRE).

A comissão terá de avaliar o currículo do deputado federal, sabatiná-lo e aprová-lo --ou não. Posteriormente, a decisão será levada ao plenário.

A reportagem procurou individualmente cada um dos 18 senadores que hoje estão na CRE --uma 19ª vaga está aberta e deve ser preenchida em breve por um partido do bloco de oposição.

Até o momento, a conta está assim:

  • 9 estão indecisos ou não se pronunciam
  • 3 declaram apoio a Eduardo: o líder do PSL, Major Olímpio (PSL-SP); Márcio Bittar (MDB-AC) e Chico Rodrigues (DEM-RR)
  • 6 se declaram contra a indicação: o líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Marcos do Val (Cidadania-ES), Jarbas Vasconcelos (MDB-PE), Mara Gabrilli (PSDB-SP), Jaques Wagner (PT-BA), Angelo Coronel (PSD-BA)
  • 1 vaga em aberto - que deve ser ocupada pelo PDT, segundo previsão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que deve votar contra a indicação

Voto dos indecisos

A articulação do governo para que o filho do presidente seja aprovado na CRE mira exatamente os indecisos e os que não se manifestam publicamente.

Entre eles está o presidente da comissão, Nelsinho Trad (PSD-MS), que foi o primeiro a receber o candidato em seu gabinete. Trad já fez comentários públicos que sinalizaram apoio a Eduardo.

Outro que se disse indeciso, mas é visto como aliado do governo, é o veterano Ciro Nogueira (PP-PI). Ele foi designado para fazer parte da comissão na semana passada e deve votar a favor de Eduardo.

Batalha de narrativas

Nos bastidores, o governo demonstra confiança na nomeação do filho do presidente, cuja candidatura deve ser formalizada por Bolsonaro até o fim dessa semana. O processo, então, passa por algumas etapas, segundo a CRE:

  • Alcolumbre faz a leitura e encaminha a indicação para análise da comissão.
  • Escolhe-se um relator
  • O candidato passa por avaliação de currículo e sabatina.
  • O texto do relator é apreciado pelo grupo e precisa de aprovação de maioria simples - 10 dos 19 senadores, se todos estiverem presentes.
  • O resultado na comissão não é definitivo. Se aprovado ou rejeitado, o parecer vai para o plenário, onde também precisa de maioria simples.

Antes do recesso parlamentar, o líder governista na Casa afirmou que há maioria tanto na CRE quanto no plenário.

Os oposicionistas contestam e argumentam que, se o apoio estivesse consolidado, Bolsonaro já teria enviado ao Senado a mensagem para oficializar o pleito em favor do filho.

Davi diz que decisão é dele

Alcolumbre declarou ontem (12) que ainda não sabe se a indicação de Eduardo Bolsonaro vai furar a fila das mensagens de autoridades que estão em sua mesa. O presidente do Senado disse que procura fazer uma "mesclagem na pauta" e que adotará o "critério presidencial" para definir quando fará a leitura da indicação do filho do presidente.

"Eu que estou determinando pessoalmente a leitura dessas mensagens", disse. "Critério presidencial. O regime é presidencialista", respondeu ao ser indagado sobre os parâmetros que o levariam a tomar uma decisão.

Alcolumbre também afirmou que não tem uma posição firmada a respeito do assunto, apesar de ter sido apontado como um dos articuladores a fim de garantir a aprovação de Eduardo. Segundo a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, o chefe do Congresso tem trabalhado para minimizar o risco de derrota.

"Só faço cumprir meu papel de magistrado."