Por que os Estados Unidos atacaram o Irã no Iraque?
Resumo da notícia
- Irã, de um lado, e Estados Unidos e Iraque, de outro, vivem escalada de tensão
- EUA diz que agiram após ter sua embaixada em Bagdá invadida
- Segundo Pentágono, general iraniano morto estava por trás de planos para atacar diplomatas americanos
- Ataque a petroleiros no Golfo e a refinarias na Arábia Saudita acirraram relação diplomática
Um ataque norte-americano ao Aeroporto de Bagdá, no Iraque, matou ao menos oito pessoas, entre elas, o principal alvo dos Estados Unidos, o general iraniano Qassem Suleimani, um dos homens mais importantes do Irã.
Embora o governo americano tenha mencionado uma invasão à sua embaixada no Iraque como justificativa para a ação, episódios recentes vinham aumentando a tensão envolvendo o Irã de um lado e Estados Unidos e Iraque de outro.
Invasão à embaixada americana
Qassem Suleimani era o chefe da Força Revolucionária da Guarda Quds, a tropa de elite do exército iraniano apontada como responsável pela invasão à embaixada americana em Bagdá no início da semana.
O Irã nega participação na invasão. Já os EUA afirmam, por meio de nota emitida pelo governo, que "Suleimani estava desenvolvendo planos para atacar diplomatas americanos e membros do serviço no Iraque e em toda a região" e que, por isso, a resposta teve como objetivo "impedir futuros planos de ataque iranianos".
Para o professor de Relações Internacionais da ESPM, Roberto Uebel, "o assassinato do general é tão grave quanto a captura e morte de Osama bin Laden", em 2011. "Suleimani não era um terrorista, mas um militar de alta patente com excelente relação com o líder supremo do Irã, Ali Khamenei. Uma grande liderança política, talvez o futuro líder político do Irã."
Ataque a petroleiros no Golfo
A histórica tensão entre americanos e iranianos, no entanto, se aprofundou em junho passado, quando dois petroleiros, um norueguês e outro japonês, foram atingidos por torpedos no golfo de Omã, uma área próxima ao Estreito de Ormuz, de onde sai um quinto do petróleo consumido no mundo.
Os iranianos negaram participação no ataque. Segundo os EUA, porém, toda a tecnologia usada tinha origem no Irã, o país mais influente da região.
Refinaria saudita é atacada
Três meses depois, em setembro, um ataque a duas instalações petrolíferas da Arábia Saudita ganhou as manchetes.
O disparo de 25 mísseis balísticos e drones contra duas refinarias —incluindo a maior do mundo— aumentou ainda mais a tensão, com a suspensão de metade da produção das petrolíferas, afetando 6% do abastecimento global.
Embora os rebeldes houthis, do Iêmen, tenham reivindicado o atentado, os Estados Unidos culparam o Irã, responsável por financiar o grupo.
Para analistas, o objetivo iraniano era desestabilizar a Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos desde o final dos anos 1940, quando os americanos tornaram o petróleo um combustível estratégico para seu desenvolvimento e supremacia econômica.
Escalada de tensões no Iraque
O Irã é hoje uma potência regional suspeita de armar e financiar grupos armados para desestabilizar Iraque, Síria e Líbano. No Iraque, esse papel é exercido desde 2014, depois que o Irã ajudou a expulsar o Estado Islâmico do país sob as bênçãos dos Estados Unidos.
As milícias iranianas, no entanto, decidiram ficar no país, irritando iraquianos e americanos. Em protesto, dezenas de iraquianos tentaram incendiar a sede do Consulado do Irã em Carbala, a 85 km de Bagdá, em outubro passado.
Haverá retaliação?
O professor acredita que a retaliação iraniana será nos mesmos moldes que os conflitos citados acima. "Eu descarto ataque direto contra os EUA, mas pode haver ações específicas nos países aliados. Pode acontecer em Israel e Arábia Saudita, rivais da Rússia e da China."
O principal recado, no entanto, já foi dado: "Acabou o diálogo para a desnuclearização do Irã. A mesa está fechada", diz.
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