Reino Unido acusa Rússia de interferir em eleição britânica: 'inaceitável'
O governo britânico acusou hoje a Rússia de interferir nas últimas eleições legislativas no Reino Unido, realizadas em dezembro de 2019 e que deram maioria ao primeiro-ministro Boris Johnson para seguir no poder. Segundo Dominic Raab, secretário de Relações Exteriores britânico, a interferência é "completamente inaceitável".
"Com base em uma extensa análise, o governo concluiu que é quase certo que atores russos tentaram interferir nas eleições gerais de 2019 por meio da divulgação online de documentos governamentais adquiridos ilicitamente e depois vazados", afirmou Raab em um comunicado ao parlamento britânico.
O secretário relatou que a Rússia trabalhou para conseguir ilegalmente um dossiê de 451 páginas sobre um acordo de livre comércio entre o Reino Unido e os Estados Unidos. O documento teria sido obtido a partir da conta de e-mail de um conselheiro do governo e depois foi vazado na internet.
À época das eleições legislativas, o dossiê foi citado na campanha por Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista. Para atingir o rival conversador Boris Johnson, Corbyn alegou que o documento indicava que o NHS (sistema público de saúde britânico) "estava na mesa" dentro do acordo, numa possibilidade de o sistema ser privatizado.
Raab contou que, primeiramente, o dossiê foi tornado público na plataforma Reddit. No entanto, como não teve ampla divulgação, os russos trabalharam para amplificar seu alcance até atingir o objetivo de fazer com que o documento chegasse aos integrantes do Partido Trabalhista.
"Quando essa (divulgação no Reddit) não ganhou força, foram feitas novas tentativas para promover o material ilicitamente adquirido online durante a campanha das eleições", afirmou o secretário britânico.
"Embora não haja evidências de uma ampla campanha russa mirando as eleições, qualquer tentativa de interferir em nossos processos democráticos é completamente inaceitável", acrescentou Raab.
O comunicado do secretário foi uma atualização do relatório completo sobre a investigação, que deve ser divulgado nos próximos dias. Um posicionamento do governo britânico sobre a possível interferência russa era esperado desde o ano passado, quando Boris Johnson chegou a vetar a divulgação do relatório por causa da proximidade com as eleições.
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