Em dia de vitória de Biden, Bolsonaro ignora EUA e faz propaganda política
Eduardo Militão
Do UOL, em Brasília
07/11/2020 16h54Atualizada em 07/11/2020 21h36
O governo do Brasil permanece em silêncio horas depois do anúncio da vitória do democrata Joe Biden sobre o republicano Donald Trump, aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em live realizada no início da noite de hoje, o chefe do governo brasileiro se voltou para uma crise doméstica, um apagão elétrico no Amapá, e fez propaganda política para vereadores e prefeitos aliados.
O presidente citou, entre outros candidatos para prefeitos, Celso Russomanno (Republicanos) por São Paulo e Marcelo Crivella (PSC) pelo Rio de Janeiro. Bolsonaro anunciou também que fará diariamente, a partir de segunda-feira (9), às 19h, live no Facebook para apresentar os políticos que recebem o seu apoio para as eleições municipais de 2020.
"A partir de segunda-feira, está quase certo que todo dia, às 19 horas, eu vou ter o meu horário eleitoral gratuito", disse Bolsonaro ao lado da candidata ao Senado pelo Mato Grosso, Coronel Fernanda (Patriota).
Outras nações, no entanto, já cumprimentaram Biden e os Estados Unidos pelo resultado das eleições, como Reino Unido, França, Argentina, Chile e Canadá.
O UOL pediu comentários à Secom (Secretaria de Comunicação) e ao Itamaraty, mas nada foi esclarecido. Jair Bolsonaro, o vice, Hamilton Mourão (PRTB), e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também não fizeram declarações públicas sobre o resultado das urnas nos EUA.
Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi às redes celebrar a vitória de Biden: "restaura valores da democracia".
O político é considerado um inimigo entre hostes bolsonaristas. Mas Maia voltou a obter um diálogo respeitoso com Jair Bolsonaro nos últimos tempos, principalmente porque o Executivo precisa do apoio parlamentar para viabilizar suas pautas econômicas no Legislativo.
Ainda assim, reservadamente, Bolsonaro criticou Rodrigo Maia por "pressa" em elogiar Biden, segundo o colunista Josias de Souza.
Bolsonaro se dedica à crise elétrica no Amapá
Nas redes sociais, o presidente já havia postado hoje sobre o apagão elétrico que atingiu o Amapá.
A deputada de oposição Sâmia Bomfim (PSOL-SP) ironizou "as primeiras palavras" do presidente, com um vídeo do humorista Marcelo Adnet. Nele, o ator imita o presidente em um discurso fictício e menciona o apagão no Amapá como uma das "prioridades para cuidar".