EUA: Enfermeira por 50 anos morre de covid-19 após recusar a se aposentar
Depois de atuar por mais de 50 anos como enfermeira de emergência, Betty Grier Gallagher, 78, morreu no último dia 10 em razão do coronavírus. Quando a pandemia começou, a mulher decidiu não se afastar do trabalho para se aposentar, mesmo com os pedidos dos colegas, e continuou trabalhando em um hospital do Alabama (EUA). Betty morreu um dia antes do seu aniversário de 79 anos, no hospital onde atuou durante grande parte do tempo de profissão.
A enfermeira trabalhava no turno da noite no Hospital Coosa Valley. Segundo seu filho, Carson Grier Jr., Betty trabalhava neste período para poder auxiliar as enfermeiras mais jovens.
"Ela não fez isso [não se aposentar] para se destacar. Ela o fez porque é assim que ela era — essa é a sua vocação", disse Carson ao site da CNN Internacional.
Carson contou que a mãe acreditava que o seu dever era cuidar dos pacientes e auxiliar as profissionais mais jovens. "Este era o seu propósito e plano para sua vida. E ela vivia isso diariamente."
O filho de Betty contraiu coronavírus alguns dias antes do funeral da mãe e está se recuperando em casa. Ele disse que antes de a mãe morrer ela mandou uma mensagem falando que quando se recuperasse da doença iria se aposentar.
Amor pela enfermagem
Betty trabalhou por 43 anos — do total de mais de 50 anos na área da enfermagem — em um hospital na cidade de Sylacauga.
O hospital lamentou a morte de Betty em um texto publicado na página oficial do Facebook.
"Toda a família CVMC está profundamente entristecida pela perda de nossa enfermeira do pronto-socorro, Sra. Betty Grier Gallaher, para a pandemia de COVID-19. A Sra. Betty se formou na escola LPN na Nunnelly State Technical College e depois foi para a escola de Enfermagem do Hospital Sylacauga. Ela era realmente uma enfermeira criada em casa. A Sra. Betty trabalhou na CVMC por mais de 43 anos — mais da metade de toda a história de nossas instalações."
E o texto continuou: "Sra. Betty sempre tinha um sorriso no rosto e era nossa incentivadora. Ela personificou nossa responsabilidade de cuidar da mente, do corpo e do espírito dos pacientes. Ela sempre foi gentil e se preocupou profundamente com seus pacientes. Lamentamos sua perda e celebramos sua vida. Estendemos nossas sinceras condolências a sua família. Amy Price, do Coosa Valley Medical Center".
Amada pelos colegas de trabalho, Sra. Betty, como era carinhosamente conhecida, tinha a mania de aparecer com um saco de hambúrgueres para dividir com os colegas que haviam esquecido a comida para o turno de 12 horas ou mais de trabalho no hospital.
A supervisora do pronto-socorro do hospital, Nikki Jo Hatten, disse que Betty ficou dois dias em casa no mês de março, mas não conseguiu ficar longe do trabalho e retornou as atividades mesmo com a pandemia.
"Ela [Betty] não aguentava. Ela sentia falta de vir trabalhar. É para isso que ela vivia."
Nikki percebeu, em 19 de dezembro, que Betty sentia falta de ar durante as rondas pela enfermaria. A supervisora sugeriu que a enfermeira fizesse um teste de covid-19, mas a idosa negou.
Um dia depois, a equipe de emergência do hospital buscou Betty em casa, a levou para o hospital onde ela recebeu o resultado positivo para o novo coronavírus. Betty ficou internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em razão dos sintomas e mesmo assim se preocupava com os colegas.
Na véspera do Ano-Novo, a mulher chegou a pedir para um dos funcionários comprar pizza para toda a equipe do pronto-socorro com o seu cartão de débito como forma de agradecimento pelos cuidados na UTI.
Segundo Nikki, Betty tinha medo morrer sozinha na UTI. "No dia em que ela faleceu, quase toda a nossa equipe foi e ocupou aquela sala", disse Hatten. "Não era o jeito que queríamos vê-la ir, mas estou feliz por estarmos lá."
Homenagem
Nikki contou que o turno de trabalho é mais silencioso sem Betty no local. Quando o clima fica pesado pelas lembranças da perda da enfermeira, ela e os seus colegas de trabalho fazem piadas que a idosa faria, para lembrar da vida dela com carinho.
"Ela era a cola do nosso pronto-socorro, ou a matriarca do pronto-socorro. Parece que perdemos nossa mãe."
A supervisora também fez um TikTok com vídeos e fotos da enfermeira sorridente ao lado de colegas de trabalho. O clipe já foi visto mais de 1,6 milhão de vezes na rede social.
"Não queríamos que ela fosse esquecida. Todo mundo merece uma Betty em seu hospital e queríamos compartilhar a nossa", finalizou.
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