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Sem máscaras na decolagem, comitiva brasileira usa equipamento em Israel

Eduardo Militão e Fábio Castanho

Do UOL, em Brasília e São Paulo

07/03/2021 11h49Atualizada em 07/03/2021 22h59

Sem usar máscaras na decolagem, a comitiva brasileira que vai a Israel em busca de acordos para vacinas e medicamentos contra o coronavírus passou a usar o equipamento de proteção ao desembarcar no país do Oriente Médio. Fotos e vídeos divulgados por integrantes do grupo mostram que os integrantes dispensaram o uso da proteção facial na base aérea de Brasília.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que estava no local, frequentemente critica as máscaras e aparece em lugares públicos sem utilizá-la.

Neste domingo (7), ao desembarcar em Israel, porém, a comitiva teve que usar máscaras. Lá, os brasileiros não poderão circular livremente. O governo de Israel exigiu testes de coronavírus de cada integrante para aceitar receber a missão diplomática. O Brasil enfrenta uma segunda onda de coronavírus e aumento de 11% nas mortes, enquanto o planeta registra queda de 6%.

Em nota ao UOL, o Itamaraty afirmou que "em razão de protocolo sanitário israelense, os integrantes da delegação utilizavam máscaras ao chegarem a Israel, antes da apresentação de resultado de seus testes PCR". "Na chegada ao hotel em Israel, os integrantes da delegação realizaram novo teste PCR."

Segundo a nota, a comitiva "cumprirá fielmente os protocolos de segurança estabelecidos por cada país, seguindo as orientações das autoridades locais".

Araújo sem máscara

Em um evento de boas vindas realizado hoje pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel, os participantes tinham que se sentar em cadeiras distantes umas das outras

Na hora dos cumprimentos e das fotos, foi pedido que o chanceler Ernesto Araújo, que estava sem máscara de proteção, recolocasse o equipamento.

Depois, Araújo fez um cumprimento diferente com o colega israelense, o chanceler Gabi Ashkenazi, simulando um toque com os cotovelos.

Em seus discurso, Gabi Ashkenazi agradeceu à "postura clara e firme" do Brasil contra a investigação da Procuradoria do Tribunal Penal Internacional sobre possíveis crimes de guerra em territórios palestinos. As apurações podem levar a processos criminais contra o premiê Bejamin Netanyahu.

Israel alega que o TPI não tem competência para fazer a investigação. Além do Brasil, a gestão de Joe Biden, dos EUA, é contraria à abertura do processo, assim como outros países, como Canadá, Austrália e Alemanha.

Gabi Ashkenazi e Araújo trataram da boa relação entre os dois países. Eles destacaram a importância da cooperação em áreas como saúde, combate ao coronavírus, ciência e tecnologia e agricultura. "Israel ajudará o Brasil de todas as maneiras possíveis e explorará modos de aprofundar a pesquisa e o desenvolvimento em medicamentos e outras soluções para lidar com o vírus", afirmou o chanceler israelense em rede social, depois do encontro.

Spray nasal israelense

Como mostrou o UOL, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde recomendaram medidas para conter o avanço da segunda onda. Mas Bolsonaro discorda de sete delas. As divergências se referem principalmente ao isolamento físico, às aglomerações, ao uso de máscaras e ao fechamento do comércio considerado não essencial.

Para enfrentar a segunda onda de coronavírus, Bolsonaro disse que as medidas que podem ser tomadas são ampliar a vacinação, fazer tratamentos "precoces", com remédios sem eficácia comprovada, e buscar um spray nasal em Israel. O spray ainda está em estudos preliminares.

Os gastos da viagem não foram divulgados, e o Tribunal de Contas da União (TCU) questionou a necessidade da missão, composta por dez pessoas. Ontem, no momento do embarque da comitiva, o presidente mudou o discurso e mencionou vacinas como objetivo da missão.