Ucrânia implanta explosivos em óculos das tropas russas e fere soldados

Em uma tática semelhante à usada nos pagers de Israel contra o Hezbollah, as tropas ucranianas estão atacando os soldados russos com explosivos escondidos em óculos utilizados no controle de drones. As informações são do jornal norte-americano The New York Times.

O que aconteceu

As Forças Armadas da Ucrânia têm implantado explosivos em artefatos usados pelas tropas de Vladimir Putin. Os óculos modificados, doados aos russos sob o pretexto de ajuda humanitária, são utilizados para comandar drones cuja visão é feita em primeira pessoa, exigindo óculos especiais para a realização deste controle.

Imagens dos óculos sendo desmontados foram compartilhadas no canal russo do Telegram 'Engineers to the Front'. Os operadores do canal alegaram que os dispositivos foram distribuídos aos soldados por voluntários e que houve relatos de "múltiplos casos" de explosões do tipo, com feridos.

Ainda de acordo com o canal, cada óculos era equipado com até 15 gramas de explosivos plásticos e detonadores, embalados em caixas confeccionadas com impressoras 3D e instaladas no lugar de um pequeno ventilado na estrutura do óculos.

O empresário russo Igor Potapov afirma que um lote de óculos usados para comandar drones Skyzone Cobra X V4 havia sido alterado. Em entrevista ao NYT, Potapov, que é defensor do exército russo, explicou que os objetos foram fabricados na China e explodiram quando foram ligados. "Os óculos Skyzone Cobra eram populares entre as operadoras russas porque eram baratos", explica o jornal.

Potapov compartilhou imagens na rede Telegram do que diz ser o lote recebido da China. "Surgiram informações sobre sabotagem humanitária. Foram recebidos óculos para drones FPV, quando ligados ocorre a detonação. [...] Tenha cuidado e use canais de fornecimento confiáveis sempre que possível", diz a publicação. As fotos, inclusive as imagens do início desta reportagem, mostram os óculos que Potapov alegam terem sido manipulados junto a etiquetas de envio.

As autoridades russas alegam que nenhum soldado foi ferido ou morto por conta dos explosivos inseridos nos óculos. Já o NYT relata que houve vítimas, mas explica que um funcionário ucraniano, que falou ao jornal sob a condição de anonimato, não revelou os números já que "a operação está em andamento".

A suspeita de sabotagem aos óculos foi inicialmente relatada pela agência de notícias russa TASS. Na última semana, o funcionário ucraniano confirmou que a agência de inteligência militar da Ucrânia, a HUR, estava, de fato, implementando o esquema.

A estratégia é similar à usada por Israel em setembro de 2024 contra o Hezbollah. Em uma operação chamada Cavalo de Troia, explosivos foram implantados previamente por Israel em pagers e walkie-talkies que o grupo libanês havia encomendado de empresas de fachada. Dezenas de pessoas morreram por conta das explosões, e pelo menos 3.000 ficaram feridas.

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Imagens mostram os restos dos pagers do Hezbollah que explodiram no Líbano; Israel planejou ataque
Imagens mostram os restos dos pagers do Hezbollah que explodiram no Líbano; Israel planejou ataque Imagem: AFP

Três anos após o início do conflito, Putin sinalizou que está aberto a discussões. Na noite da última segunda-feira, o presidente russo afirmou que a Europa poderia desempenhar um papel importante nas negociações de paz, afirmando que "os europeus, mas também outros países, têm o direito e a oportunidade de participar" da resolução da guerra.

Segundo a emissora CNN, soldados feridos estão sendo enviados pela Rússia de volta ao combate mesmo sem condições físicas. Imagens divulgadas por drones ucranianos mostram militares usando muletas e curativos em meio aos combates.

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