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Navios na China 'desaparecem' de rastreamento global após nova lei

Alguns provedores nacionais na China pararam de fornecer informações a empresas estrangeiras após a implantação das novas regras - Thomas Peter/Reuters
Alguns provedores nacionais na China pararam de fornecer informações a empresas estrangeiras após a implantação das novas regras Imagem: Thomas Peter/Reuters

Colaboração para o UOL

24/11/2021 13h24Atualizada em 24/11/2021 13h36

Novas regras chinesas sobre coleta e exportação de dados estão afetando o sistema de rastreamento de navios. Desde que entrou em vigor, em 1º de novembro, a Lei de Proteção de Informações Pessoais da China pode ter ocasionado uma queda de mais de 45% no nível de referências do chamado AIS (Sistema de Identificação Automática, em português) sobre embarcações nas águas do país. Especialistas alertam que isso pode prejudicar o mercado global de suprimentos.

O AIS é usado por embarcações, portos e muitas outras organizações de bancos e comércio para operações de busca e resgate. Mas, principalmente, por empresas de dados de transporte, que rastreiam os navios e obtêm informações sobre posição, velocidade, curso e nome. Dados geográficos e de volume de carga ajudam a otimizar a logística, evitando congestionamentos e auxiliando na tomada de decisões sobre rotas marítimas.

Alguns provedores na China pararam de fornecer essas informações a empresas estrangeiras após a implantação das novas regras. Embora a lei não mencione esse tipo de envio de dados, Anastassis Touros, líder da equipe de rede AIS da Marine Traffic, importante provedor de informações de rastreamento de navios, aponta que a retenção ocorre por precaução."Sempre que você tem uma nova lei, temos um período em que todos precisam verificar se as coisas estão bem", afirmou à CNN.

Impacto na cadeia global durante o Natal

Touros afirma que se a retenção de informações continuar, pode haver um grande impacto em termos de visibilidade global. "Especialmente à medida que entramos no movimentado período de Natal, com as cadeias de suprimentos enfrentando enormes problemas em todo o mundo", ressalta. "De repente, não sabemos quando os navios estão partindo e de onde, e também não temos o quadro completo do congestionamento portuário que o AIS nos oferece."

Em longo prazo, o cenário pode se tornar ainda mais desafiador. "Com a China sendo um grande importador de carvão e minério de ferro e um dos principais exportadores de contêineres em todo o mundo, esse declínio nos dados posicionais pode causar desafios significativos em relação à visibilidade da cadeia de suprimentos oceânica", disse Charlotte Cook, analista-chefe de comércio do provedor global de dados de navegação VesselsValue.

Distanciamento do governo chinês

Um funcionário da Administração de Segurança Marítima de Guangdong disse à Reuters que as regras do AIS foram definidas pela sede do departamento em Pequim. O escritório da Administração de Segurança Marítima em Pequim, no entanto, não retornou as ligações. Outras autoridades chinesas não responderam imediatamente aos pedidos de comentários. Um porta-voz da agência das Nações Unidas, a Organização Marítima Internacional, que adotou os regulamentos globais do AIS, não fez comentários quando contatado.

Mas uma fonte da Elane Inc, empresa com sede em Pequim que possui uma plataforma de dados AIS com cerca de 2,5 milhões de usuários, disse à Reuters que todas as negociações com entidades estrangeiras foram interrompidas recentemente: "As mudanças aconteceram no mês passado, agora só fornecemos dados aos usuários domésticos", disse o funcionário, que pediu para não ser identificado.