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Juíza é investigada após ser vista beijando condenado que ela tentou ajudar

Vídeo compartilhado nas redes sociais mostra a juíza argentina Mariel Suárez beijando Cristian ?Mai? Bustos, que está cumprindo pena por homicídio - Reprodução/La Nacion
Vídeo compartilhado nas redes sociais mostra a juíza argentina Mariel Suárez beijando Cristian ?Mai? Bustos, que está cumprindo pena por homicídio Imagem: Reprodução/La Nacion

Andréia Martins

Do UOL, em São Paulo

06/01/2022 12h32

Uma juíza argentina será investigada por comportamento impróprio depois de ter sido flagrada por câmera de segurança de uma prisão beijando um assassino condenado por homicídio. Ela havia tentado obter uma redução da pena para ele, mas nega que tenha beijado o homem.

O vídeo que mostra a magistrada Mariel Suárez beijado o preso Cristian 'Mai' Bustos, foi gravado no Instituto Penitenciário Provincial de Trelew, na província de Chubut, durante uma visita. Bustos foi condenado à prisão perpétua pelo assassinato de um policial em 2009.

Em entrevista ao jornal La Nacion, Suárez negou que tenha beijado o preso e disse que votou contra a prisão perpétua por notar inconsistências no caso. Ela foi a única dos magistrados envolvidos no caso a votar contra a prisão perpétua que ele recebeu, defendendo uma punição menor. A sentença foi proferida em 22 de dezembro.

"Eu sou uma juíza criminal, tive que condenar e trabalhar neste caso, uma causa de fatos graves. E à medida que fui me envolvendo, conhecendo cada vez mais os fatos da acusação, algumas questões me chamaram a atenção, por isso votei contra", disse ela, que mencionou que há indício de que a polícia "limpou a cena do crime" em 2009.

Sobre a cena gravada pelas câmeras, ela explicou que Bustos ficou animado quando ela lhe contou que gostaria de escrever um livro sobre sua história e o crime do qual é acusado.

"Não é real, não houve beijo. Ele insistiu e ficou muito feliz e efusivo com a proposta que lhe fiz. Imagine que você é uma pessoa que está condenada à prisão perpétua, é algo impressionante que alguém se ofereça para fazer um livro, mas não é uma relação amorosa e não é um beijo. Estávamos conversando. É uma relação de trabalho cordial", disse ela ao jornal.

Ela afirmou ainda que possui documentos e testemunhas que trabalham com ela para apoiar sua versão. "Obviamente, se vou fazer um trabalho em que tenho que ganhar a confiança da pessoa, vou agir como eu mesmo, não como um juiz", relatou.

A versão não convenceu a todos e gerou polêmica. O senador nacional por Chubut Ignacio Torres, do Juntos por el Cambio, informou que vai pedir o impeachment para destituir a juíza.

"Uma juíza não pode entrar na penitenciária e ficar beijando e abraçando um preso", disse o senador. O STJ (Superior Tribunal de Justiça da Província) já havia recebido um requerimento contra Suárez pela relação que mantinha com Bustos na unidade criminal para a qual ele foi transferido após receber a pena máxima pelo assassinato do policial Leandro "Tito" Roberts.

Juíza já foi afastada do cargo antes

De acordo com o La Nacion, a juíza Maria Suárez já foi destituída de seu cargo antes. Em 2013, Suárez foi questionada publicamente pelo então prefeito Néstor Di Pierro, que a acusava de "libertar presos por telefone", depois que decisões de outros magistrados foram alteradas por ela durante a Semana Santa daquele ano. Ela acabou reintegrada às suas funções após a resolução favorável do recurso contra a ação apresentada pelo Conselho da Magistratura.

Os crimes de Bustos

Bustos foi condenado por assassinato duas vezes e tem uma extensa ficha criminal. Seu nome ganhou destaque em Chubut em 2005, quando foi preso na cidade de Esquel, acusado de matar o filho de apenas 9 meses, cuja coluna foi fraturada enquanto ele cuidava da criança.

Ele foi condenado em primeira instância à prisão perpétua em 2007, mas fugiu da delegacia do Corcovado, onde cumpria prisão preventiva. Bustos ficou foragido até 2009, quando a polícia descobriu que ele estava na casa de seus pais. A polícia tentou prendê-lo, mas ele e seus irmãos saíram armados e enfrentaram a polícia. No confronto o policial acabou morto. Ele foi detido em 2015, quando foi encontrado no Chile.