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Guerra da Rússia-Ucrânia

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EUA querem Rússia fora do G20; o que é o grupo e quem pode fazer parte?

Presidente Jair Bolsonaro, do Brasil, e presidente Vladimir Putin, da Rússia, durante Encontro do G20, em 2019 - Mikhail KLIMENTYEV / AFP
Presidente Jair Bolsonaro, do Brasil, e presidente Vladimir Putin, da Rússia, durante Encontro do G20, em 2019 Imagem: Mikhail KLIMENTYEV / AFP

Rafael Cardoso

Colaboração para o UOL

25/03/2022 17h05

Os Estados Unidos querem excluir a Rússia do G20 - grupo das 19 maiores economias do mundo e a União Europeia. A Rússia diz que isso "não seria fatal", enquanto a China defende que os russos estejam no grupo. Mas uma exclusão de um membro do G20 é realmente possível e relevante?

O que é o grupo

Na prática, o G20 representa a reunião dos principais atores da economia mundial para trabalhar juntos e evitar crises, já que o comércio e as medidas tomadas por um país podem afetar os demais, devido à globalização.

Segundo a própria organização, no G20 estão 80% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do planeta, 75% do comércio mundial e 60% da população. A presidência do grupo é rotativa entre os membros e o cargo tem caráter simbólico.

Formado em 1999, o grupo inicialmente reunia apenas os ministros de finanças dos países após as crises financeiras que surgiram na Ásia, na Rússia e na América Latina. Mas, com o passar do tempo, temas como sustentabilidade e a presença dos líderes mundiais se tornaram recorrentes.

Líderes que participam do encontro do G20 jogam moedas na Fontana di Trevi, em Roma. O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, não participou do evento - REUTERS/Guglielmo Mangiapane - REUTERS/Guglielmo Mangiapane
Líderes do G20 em encontro na Fontana di Trevi, em Roma (Itália), em 2021
Imagem: REUTERS/Guglielmo Mangiapane

No contexto da crise que se instalou por causa da guerra na Ucrânia, em um mundo ainda vivendo uma pandemia da Covid-19, as reuniões entre as potências econômicas são tidas como importantes para evitar uma recessão da economia global, já que cada país 'depende' dos outros em algum sentido.

Na Europa, por exemplo, 40% do gás natural utilizado provém da Rússia, que responde por cerca de 23% das importações de fertilizantes do Brasil, que atualmente alimenta cerca de 800 milhões de pessoas no mundo.

Quem pode fazer parte?

Além do bloco econômico da União Europeia, participam do grupo os seguintes países:

Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos.

A Espanha também é convidada regularmente. Além disso, outros países ou organizações internacionais podem ser convidados para participar das discussões.

Quem quer a saída da Rússia?

Países como Reino Unido e Austrália questionam a participação dos russos no G20, assim como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que afirmou ontem que a Rússia "tem que sair" do G20. A ideia tem relação com as sanções que os países já vêm implementando contra a Rússia por causa da invasão na Ucrânia.

O presidente dos EUA, Joe Biden, fala sobre fundos para ajudar a Ucrânia, em Washington, DC, em 16 de março de 2022 - Nicholas Kamm/AFP - Nicholas Kamm/AFP
Presidente dos EUA, Joe Biden quer a Rússia fora do G20
Imagem: Nicholas Kamm/AFP

Por outro lado, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que não seria "fatal" para a Rússia ser excluída do grupo.

Já o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, afirmou ontem ao Senado Federal que o governo não concorda em excluir a Rússia do G20, pois a medida seria "ilegal perante o direito internacional". A China também já se posicionou e disse que não é favorável à saída dos russos.

É possível a exclusão de um membro do G20?

Teoricamente, é possível excluir um membro do G20, mas não é provável a saída dos russos, por conta do impasse entre os países.

Como o próprio Biden afirmou ontem durante encontro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Bruxelas, a exclusão da Rússia "depende do G20". Seguindo a mesma linha de pensamento, o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, disse que "nenhum membro [do G20] tem o direito de expulsar outro país".

A próxima reunião de cúpula do G20 está prevista para o fim do ano, na Indonésia, país que atualmente preside o grupo. Ontem, o embaixador da Indonésia nas Nações Unidas, Dian Triansyah Djani, disse à imprensa que todos os membros do grupo já foram convidados para a reunião, inclusive a Rússia.