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Putin diz que Ocidente quer 'cancelar' Rússia e cita autora de Harry Potter

Presidente russo citou a escritora J.K. Rowling como "prova que Ocidente gosta de cancelar as pessoas" - HOST PHOTO AGENCY/via REUTERS
Presidente russo citou a escritora J.K. Rowling como 'prova que Ocidente gosta de cancelar as pessoas' Imagem: HOST PHOTO AGENCY/via REUTERS

Do UOL*, em São Paulo

25/03/2022 09h49Atualizada em 25/03/2022 12h43

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou hoje em discurso que o Ocidente está tentando "cancelar" o país —termo usado na internet para um boicote de pessoas famosas ou anônimas por comportamento considerado inadequado. Ele citou uma "discriminação" contra a cultura russa nos países ocidentais e a comparou à queima de livros na Alemanha e Áustria por parte dos nazistas na década de 1930.

"Eles estão tentando cancelar nosso país, estou falando da discriminação progressiva de tudo que tem a ver com a Rússia", declarou.

Putin também citou a escritora da saga Harry Potter, J.K. Rowling, como prova que o Ocidente "gosta de cancelar as pessoas". "Ela foi 'cancelada' só porque não satisfez as demandas dos direitos de gênero", disse.

Rowling é acusada de transfobia por uma série de publicações polêmicas nas redes sociais. Ela também escreveu um livro policial em que um homem cisgênero se veste de mulher para enganá-las. Pouco tempo depois que a sinopse foi divulgada, a hashtag #RIPJKRowling ("descanse em paz, J.K. Rowling) era uma das mais comentadas no Twitter.

Putin também afirmou que o "cancelamento" do Ocidente à cultura russa inclui as obras de grandes compositores como Pyotr Tchaikovsky, Dmitry Shostakovich e Sergei Rachmaninov.

A Rússia tem sofrido diversas sanções dos países ocidentais desde o início da invasão da Ucrânia, que completou 30 dias hoje. Entre elas, está a proibição da importação de gás e petróleo, além de restrições sobre empresários bilionários que apoiam o governo de Putin.

A ofensiva na Ucrânia também gerou uma onda de solidariedade mundial, além das sanções decretadas pelos governos. Grandes federações esportivas e centros culturais de referência eliminaram de seus programas atletas e artistas da Rússia: em Paris o maestro russo Valery Gergiev e a orquestra de Bolshoi foram excluídos da programação; em Londres, o maestro Pavel Sorokin também ficou de fora da Royal Opera House.

Além disso, o bailarino brasileiro David Motta Soaes e o italiano Jacopo Tissi, ambos do Bolshoi, se demitiram.

J.K. Rowling responde

A autora respondeu à declaração de Putin nas redes sociais, dizendo que seria melhor que críticas sobre a "cultura do cancelamento" não fossem feitas por pessoas que estão assassinando civis pelo crime de resistência, ou que prendem e envenenam seus críticos, em referência a Alexei Navalny.

Opositor de Putin, Navalny foi condenado nesta semana a nove anos de prisão por fraude e desacato, em um processo que já dura quase dois anos. Em agosto de 2020, ele ficou gravemente ferido na Sibéria, vítima de um envenenamento com um agente neurotóxico. O ataque teria sido ordenado pelo próprio presidente russo, segundo ele.

O Kremlin nega, mas as autoridades russas nunca investigaram a suposta tentativa de assassinato.

*Com Reuters e AFP