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Terremoto no sudeste do Afeganistão deixa ao menos mil mortos, diz Talibã

Do UOL, em São Paulo*

22/06/2022 07h23Atualizada em 22/06/2022 09h50

Ao menos mil pessoas morreram no terremoto que afetou o sudeste do Afeganistão na madrugada de hoje, de acordo com o balanço atualizado divulgado pelo governo - comandado pelo Talibã. O tremor de 5,9 graus de magnitude aconteceu a 10 km de profundidade e afetou as províncias de Paktika e Khost, em uma área de difícil acesso perto da fronteira com o Paquistão.

"Até o momento, segundo as informações que temos, ao menos mil pessoas morreram e 600 ficaram feridas", declarou em uma entrevista coletiva o vice-ministro de Gestão de Desastres Naturais, Sharafuddin Muslim.

Um segundo tremor de 4,5 graus aconteceu na mesma área que o terremoto inicial, com poucos minutos de intervalo.

"Pedimos às agências de ajuda que proporcionem assistência imediata às vítimas do terremoto para evitar um desastre humanitário", afirmou o vice-porta-voz do governo, Bilal Karimi. Ele indicou que várias casas foram destruídas e muitas pessoas estão presas nos destroços.

Yaqub Manzor, líder tribal de Paktika, disse que muitos feridos são do distrito de Giyan e foram transportados em ambulâncias e helicópteros.

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Moradores da província de Paktika carregaram feridos que seriam levados até hospitais após terremoto
Imagem: Bakhtar News Agency/Reuters

"Os mercados locais estão fechados e as pessoas correram para ajudar nas áreas afetadas", declarou à AFP por telefone.

Fotos de casas destruídas nesta região rural pobre e isolada foram divulgadas nas redes sociais. Vídeos mostram alguns moradores carregando feridos até um helicóptero.

Os serviços de emergência do país, limitados há muitos anos em número de funcionários e capacidade, não estão preparados para enfrentar catástrofes naturais de grandes proporções.

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Mapa mostra epicentro do terremoto no Afeganistão
Imagem: Serviço de Geologia dos EUA/Reprodução

Região tem terremotos frequentes

O terremoto foi sentido em várias províncias da região, assim como na capital Cabul, que fica 200 km ao norte do epicentro do tremor.

Também foi sentido no Paquistão, mas até o momento não foram relatados danos ou vítimas no país vizinho.

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, disse que está "profundamente entristecido" com a tragédia e afirmou que o governo do país está trabalhando para dar apoio aos colegas afegãos.

"A União Europeia acompanha a situação (...) e está disposta a coordenar e fornecer ajuda de emergência", tuitou o enviado especial do bloco para o Afeganistão, Tomas Niklasson.

A ONU anunciou que estuda as necessidades de ajuda.

O papa Francisco expressou solidariedade às vítimas do terremoto durante a audiência geral semanal na Praça de São Pedro, no Vaticano.

"Expresso minha proximidade com os feridos e as pessoas afetadas pelo terremoto. E rezo especialmente pelos que perderam a vida e suas família", disse o pontífice.

O Afeganistão registra terremotos com frequência, em particular na região de Hindu Kush, que fica entre o Afeganistão e o Paquistão, na união das placas tectônicas eurasiática e indiana.

As catástrofes podem ser devastadoras devido à pouca resistência das casas rurais afegãs.

Em outubro de 2015, um terremoto de 7,5 graus nas montanhas de Hindu Kush deixou mais de 380 mortos nos dois países.

As vítimas afegãs incluíram 12 meninas, que em pânico tentaram fugir da escola durante o tremor.

Desde que o Talibã retomou o poder em agosto do ano passado, o Afeganistão vive uma grave crise financeira e humanitária, provocada pelo bloqueio de milhões de ativos no exterior e pela suspensão da ajuda internacional, que sustentava o país há duas décadas e que agora chega a conta-gotas.

As agências de ajuda e a ONU insistem que o país precisa de bilhões de dólares este ano para sobreviver à crise.

Veja a lista dos terremotos com mais mortes nos últimos 30 anos no país:

1991: 1.500 mortes

Em 1º de fevereiro de 1991, um terremoto de magnitude 6,9 atingiu o Afeganistão e o noroeste do Paquistão, deixando pelo menos 1.500 mortos, segundo as autoridades afegãs.

O movimento telúrico foi sentido no norte da Índia e no Tadjiquistão.

1998: Milhares de mortes

Em 4 de fevereiro de 1998, um terremoto deixou cerca de 4.500 mortos e milhares de desabrigados na província de Takhar (nordeste), na fronteira com o Tadjiquistão.

Em 30 de maio, um terremoto de magnitude 6,6 sacudiu novamente o nordeste do país, deixando cerca de 5.000 mortos, 1.500 feridos e causando destruição em várias aldeias nas províncias de Takhar e Badakhshan.

2002: Centenas de mortes

Em 3 de março, um violento terremoto de magnitude 7,4 atingiu o norte do país, matando entre 70 e 150 pessoas na província de Samangan, segundo fontes.

Em 25 de março, outro terremoto de magnitude 6,1 deixou mais de 800 mortos, 300 feridos e milhares de desabrigados na cordilheira Hindu Kush, no norte. A aldeia de Nahrin, com 20.000 habitantes, foi completamente destruída.

2012: 75 mortes

Em 11 de junho de 2012, três tremores de magnitude 5,2, 5,4 e 5,7 na escala Richter destruíram 114 casas na província de Baghlan, deixando 75 mortos.

2015: quase 400 mortes

Em 26 de outubro de 2015, um terremoto de magnitude 7,5 atingiu o maciço de Hindu Kush, no caminho entre o Afeganistão e o Paquistão, deixando um total de 380 mortos nos dois países.

* Com AFP