Leões passam fome e comem partes do próprio rabo em santuário no México
Leões abandonados em um santuário na Cidade do México chegaram a comer pedaços das próprias caudas após serem deixados dias sem comida. As imagens chocantes foram feitas em um espaço administrado pela ONG Black Jaguar-White Tiger, que se descreve como uma instituição dedicada a resgatar animais silvestres de cativeiro, proporcionando a eles uma vida digna e saudável, livres da ação do homem.
Mas os leões registrados na instalação mexicana teriam sido abandonados pelo dono da fundação, Eduardo Mauricio Serio, que fundou o projeto em 2015. Segundo o jornal El Universal, uma investigação foi aberta pela polícia local depois de vídeos feitos no santuário chegarem às redes sociais, mostrando os animais mastigando partes do próprio corpo.
Um ativista identificado como Yael Ruiz teria sido um dos denunciantes do caso, depois de trabalhar para a fundação por dois anos. Outro defensor da causa animal, Arturo Islas Allende, declarou que "o santuário está agora sob controle das autoridades". "Seu dono é considerado um fugitivo da Justiça, sem pistas sobre seu paradeiro".
Apesar da declaração, ainda não há confirmação de um possível mandado de prisão contra Serio.
"A fundação não tinha a documentação em dia ou as permissões legais [para operar], a realidade é que ela é completamente clandestina", acusou Allende ao jornal Mirror.
Além dos animais com sinais de maus tratos, inspetores da Cidade do México encontraram restos mortais do que seriam cerca de 200 leões em fossos cavados no terreno do santuário. Além dos felinos, o espaço também abrigava 17 macacos e dois coiotes.
"A fundação dizia ter 400 felinos, mas ontem as autoridades fizeram uma contagem e encontraram apenas entre 180 e 190, menos da metade dos animais originais estão vivos", completou o ativista.
Allende também acusa Serio de vender filhotes de leões, tigres e leopardos ilegalmente, além de não pagar funcionários da ONG. No total, ele estaria devendo cerca de 1 milhão de pesos mexicanos, pouco mais de R$ 260 mil, na cotação atual.
Dono da ONG culpa Instagram e nova lei mexicana
Na última semana, usando a página da ONG no Instagram, Eduardo Serio compartilhou um vídeo afirmando que "está em paz" e "a espera do desenrolar da denúncia que recebeu". Ele declarou que os denunciantes estão tentando "desprestigiar seu trabalho" e defendeu que, ao fim da investigação, "as autoridades dirão que ele está certo".
Eduardo ainda atribuiu um crescimento desenfreado da fundação a uma lei aprovada em 2015 no México, que proibiu a presença de animais silvestres em espetáculos circenses, afirmando que a combinação da nova regra com a falta de engajamento nas redes sociais seriam as culpadas pelos problemas enfrentados nos últimos anos.
"Resgato muitos animais, mas quando aprovaram a lei proibindo animais em circos eu acabei resgatando entre 150 e 200 felinos em seis semanas. Obviamente minhas finanças ficaram um pouco comprometidas, isso não é o problema, o problema é que o Instagram mudou o algoritmo e meus posts, que tinham milhares de comentários, começaram a ter quadro ou cinco comentários. Todo mundo segue crescendo e a nossa conta não. O número de animais continuava o mesmo, mas as doações não acompanharam", tentou justificar o dono da fundação.
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