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Jato gigante: estudo detecta fenômeno 100 vezes mais potente que relâmpagos

O "jato gigante" é um fenômeno raro de ser detectado  - Divulgação/Kevin Palivec/Universities Space Research Association
O 'jato gigante' é um fenômeno raro de ser detectado Imagem: Divulgação/Kevin Palivec/Universities Space Research Association

Do UOL, em São Paulo

10/08/2022 11h59Atualizada em 10/08/2022 11h59

Pesquisadores dos Estados Unidos e da Espanha fizeram novas descobertas sobre um fenômeno atmosférico conhecido como "jato gigante". O estudo, publicado na revista científica Science Advances na quarta-feira passada (3), mostrou que o evento pode ter uma carga elétrica 100 vezes maior que a de um relâmpago.

De acordo com a publicação, o "jato gigante" pode ser definido como raios ocasionais que saem "do topo de uma tempestade e se conectam à borda inferior do espaço".

Para a pesquisa, os cientistas estudaram um fenômeno que ocorreu em uma tempestade no estado de Oklahoma, nos Estados Unidos, no dia 14 de maio de 2018. Na ocasião, eles analisaram que o evento moveu cerca de 300 C (coulombs) de carga elétrica na ionosfera, a borda inferior do espaço. Um relâmpago, por sua vez, é capaz de mover menos de 5 C entre solo e nuvens ou mesmo entre as próprias nuvens.

O estudo ainda aponta que este foi o maior "jato gigante" registrado até o momento.

"Conseguimos mapear esse jato gigantesco em três dimensões com dados de alta qualidade", disse Levi Boggs, pesquisador do GTRI (Georgia Tech Research Institute) e autor correspondente do artigo, em um comunicado.

"Fomos capazes de ver fontes de frequência muito alta (VHF, Very High Frequency, em inglês) acima do topo da nuvem, o que não havia sido visto antes com esse nível de detalhe. Usando dados de satélite e radar, fomos capazes de aprender onde o ponto principal e muito quente da descarga estava localizada acima da nuvem."

A pesquisa ainda aponta que a descarga ascendente do "jato gigante" foi capaz de incluir plasma de aproximadamente 204 ºC, bem como estruturas que são chamadas de "líderes", que podem chegar a 2,2 mil ºC.

O estudo foi realizado por profissionais da USRA (Universities Space Research Association), da Texas Tech University, da University of New Hampshire, da Politécnica de Catalunha, da Duke University, da University of Oklahoma, e do National Severe Storms Laboratory da NOAA (Administração Nacional dos Estados Unidos de Oceânica e Atmosférica) e do Laboratório Nacional de Los Alamos.

Os jatos gigantes já são estudados há pelo menos duas décadas, mas ainda não há um sistema de observação específico para localizá-los. Desta forma, as suas detecções são raras.

O evento de Oklahoma só pode ser estudado porque ocorreu em um local onde já havia um sistema de mapeamento de raios VHF, dentro do alcance de dois locais de radar meteorológico e de satélites da rede GOES (Geostationary Operational Environmental Satellite) da NOAA.

As estimativas para a frequência do fenômeno variam de mil até 50 mil por ano. Há relatos de maior presença do fenômeno em regiões tropicais, mas que foi estudado para a publicação do artigo não fazia parte de nenhum sistema de tempestade tropical.