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Guerra de lances faz vaso de R$ 10 mil ser vendido por R$ 46 milhões

Um especialista avaliou o vaso como sendo um exemplar do século 20, mas os participantes acreditavam ser uma peça do século 18 - Reprodução/Osenat Auction
Um especialista avaliou o vaso como sendo um exemplar do século 20, mas os participantes acreditavam ser uma peça do século 18 Imagem: Reprodução/Osenat Auction

Colaboração para o UOL

06/10/2022 04h00

Um vaso chinês que deve valer entre R$ 7,7 mil e R$ 10 mil, segundo um especialista, acabou sendo vendido em um leilão por mais de R$ 46 milhões após uma guerra de lances entre colecionadores. O proprietário do objeto havia encontrado o vaso na casa de sua avó, na França, onde o leilão foi realizado.

O vaso azul e branco tianqiuping (esfera celestial, em Chinês) foi arrematado na casa de leilões Osenat, em Fontainebleau, perto de Paris, no sábado (1), e alcançou um preço final de R$ 46 milhões, incluindo taxas, segundo o site da empresa.

O termo tianqiuping, às vezes traduzido como 'vaso de esfera celestial', deriva da forma do vaso, caracterizada por um corpo globular de proporções generosas elevado por um pescoço cilíndrico alto.

Durante o período Qianlong (1736-96), quando o tianqiuping ganhou destaque, esses vasos foram produzidos em tamanhos variados. O tamanho das versões maiores teria dado a elas uma presença dominante em um dos grandes salões ou salas do Palácio Imperial. O vaso arrematado no sábado mede 53,34 centímetros x 40,64 centímetros e é decorado com dragões e nuvens.

Jean-Pierre Osenat, presidente da casa de leilões, disse à CNN na terça-feira que o dono do vaso, que mora no exterior, pediu ao leiloeiro para vendê-lo como parte de uma remessa de itens retirados da casa de sua falecida avó na Bretanha, noroeste da França. "A vida deles agora vai mudar completamente", disse. "É estranho para eles aceitarem o que aconteceu".

A idosa era uma colecionadora de arte e possuía o vaso há 30 anos, disse o leiloeiro, acrescentando haver sinais iniciais de grande interesse pelo vaso quando dezenas de pessoas foram examiná-lo durante uma exposição pré-leilão.

Cerca de 300 a 400 pessoas manifestaram interesse em participar dos lances, disse Osenat, que acabou limitando o número de licitantes a 30. Esses ainda tiveram que pagar um depósito para participar.

No momento dos lances, havia 15 pessoas participando por telefone e 15 presentes na casa de leilões, com 10 ainda oferecendo lances quando o preço ultrapassou a marca de R$ 26 milhões.

"É incrível", disse Osenat, acrescentando que seu maior preço de venda anterior de um objeto foi em 2007, quando uma espada usada por Napoleão na Batalha de Marengo em 1800 foi vendida por R$ 33 milhões.

O leiloeiro explicou que, embora um especialista em avaliação tenha dito que o vaso datava do século 20 e, portanto, não era raro, os colecionadores acreditavam ser um exemplar muito raro de um vaso tianqiuping do século 18.

"Tenho fé no martelo, ou seja, acho que a lei da oferta e da demanda determina o preço de mercado", disse ele. "A visão de um especialista não pode superar a de 300 pessoas".

Às vezes, em leilões, você pode ver duas ou três pessoas que acreditam erroneamente que um item é muito mais valioso do que um especialista disse, mas não 300, disse Osenat. "Acho que o mercado falou mais alto", disse ele, acrescentando que acredita agora que o vaso é mesmo do século 18.

O comprador ainda não identificado é chinês. Segundo o leiloeiro, nos últimos anos os compradores chineses vêm demonstrando crescente interesse em comprar artefatos históricos que acreditam terem sido roubados de seu país no passado.