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Bilhões de caranguejos desaparecem no Alasca; pesca é suspensa pela 1ª vez

A pesca de caranguejos-das-neves no Alasca teve que ser suspensa pela primeira vez - Reprodução/Departamento de Pesca do Alasca
A pesca de caranguejos-das-neves no Alasca teve que ser suspensa pela primeira vez Imagem: Reprodução/Departamento de Pesca do Alasca

Colaboração para o UOL

16/10/2022 17h27

Bilhões de caranguejos-das-neves, uma espécie de crustáceo conhecida por sua abundância no Mar de Bering, na região ártica, simplesmente desapareceram das águas ao redor do Alasca. Pela primeira vez, a temporada de pesca desses animais teve que ser cancelada.

O Conselho de Pesca do Alasca e o Conselho de Gestão da Pesca do Pacífico Norte anunciaram na semana passada que a população de caranguejo-das-neves no Mar de Bering caiu abaixo do limite regulamentar para a liberação da pesca.

Os números reais por trás dessa decisão são alarmantes: a população de caranguejos do Alasca, como também são conhecidos, encolheu de cerca de 8 bilhões em 2018 para 1 bilhão em 2021, de acordo com Benjamin Daly, pesquisador do Departamento de Pesca e Caça do Alasca.

"Essa espécie de caranguejo é, de longe, a mais abundante de todas as espécies de caranguejos do Mar de Bering que são capturadas comercialmente", disse Daly em depoimento à rede de notícias CNN. "Portanto, vale a pena notar o choque que tivemos ao descobrir que bilhões deles haviam desaparecido. E isso inclui todas as fêmeas e filhotes".

A pesca de caranguejo-real vermelho de Bristol Bay também será suspensa pelo segundo ano consecutivo, anunciaram as agências.

As autoridades citaram a sobrepesca como justificativa para o cancelamento das temporadas. Mark Stichert, coordenador de Gestão da Pesca de Peixes de Fundo e Mariscos do Departamento de Pesca e Caça do estado, disse que mais caranguejos estavam sendo pescados nos oceanos do que poderiam ser naturalmente substituídos.

Entre as pesquisas realizadas em 2021 e 2022, disse ele, os caranguejos-das-neves machos maduros diminuíram cerca de 40%, com cerca de 45 milhões deles restantes em todo o Mar de Bering. "É um número assustador, só para deixar claro", disse Stichert.

Mas culpar apenas a "pesca excessiva" - uma definição técnica que desencadeia medidas de conservação - não é a única causa desse colapso.

"Chamamos isso de pesca excessiva devido ao nível extrativista", disse à CNN Michael Litzow, diretor do laboratório Kodiak da NOAA Fisheries. "Mas não foi a pesca excessiva que causou o colapso, isso está claro."

Aquecimento dos oceanos

Litzow diz que a mudança climática causada pelo homem é um fator significativo no desaparecimento alarmante dos caranguejos.

Os caranguejos da neve são espécies de água fria, encontrados predominantemente em áreas onde a temperatura da água está abaixo de 2 graus Celsius, diz Litzow. À medida que os oceanos esquentam e o gelo do mar desaparece, o oceano ao redor do Alasca está se tornando inóspito para a espécie.

As temperaturas ao redor do Ártico se aqueceram quatro vezes mais rápido que no resto do planeta, relataram os cientistas. A mudança climática desencadeou uma rápida perda de gelo marinho na região do Ártico, particularmente no Mar de Bering, no Alasca, o que por sua vez amplificou o aquecimento global.